Corrupção, violência, altos impostos e falta de infraestrutura em educação, saúde e diversas outras áreas. Quando paramos para pensar nos conflitos e em tudo que está acontecendo no Brasil, é impossível não sermos tomados por sentimentos de angústia e desânimo. E este cenário está ainda afetando nossa tolerância. 

Explico: o que um país tem de mais importante é sua cultura, seus princípios e ideais. E, com a situação que estamos vivenciando no Brasil, a população vem perdendo a tolerância, resiliência e empatia. A todo momento, percebemos – até mesmo nas pequenas coisas – que o povo brasileiro está no limiar de um estresse nervoso generalizado.

Perdemos aquela sensação de que nosso dever está cumprido. Não temos mais paz de espírito, nos falta paz para um sono restaurador. E este sentimento crescente tem levado um número cada vez maior de pessoas a apresentarem atitudes e comportamentos inexplicáveis, acentuando a falta de paciência e olhar coletivo.

Se puder, caro leitor, tire um tempo para observar as pessoas ao seu redor – seus amigos, familiares, os atendentes, motoristas, empacotadores do supermercado, vendedores, empresários. Todos, sem sombra de dúvida, estão desiludidos, amargos, sem paciência e crença no futuro, sem vontade de reagir, lutar e trabalhar para viver com dignidade.

E, neste contexto, para que mundo estamos educando nossas crianças e adolescentes? É estarrecedor perceber que nossos jovens perderam a “vontade” de serem honestos, de ajudar o próximo, de valoriza a opinião do outro. Eles não respeitam ninguém, nem pais, professores ou qualquer outro adulto.

Parece que estamos vivendo uma epidemia de mau-caratismo, que assola principalmente nossa geração mais jovem. Afinal, eles percebem que tudo podem, que “não dá nada”. A intolerância é nítida, já que são educados recebendo tudo em um piscar de olhos, sem precisar passar por situações de batalha e sofrimento.

Antes que seja tarde, precisamos retomar algumas atitudes. Primeiramente, a dignidade – não deixar que o comportamento dos outros (e dos políticos, principalmente) seja equiparado ao nosso. E, em segundo lugar, resgatar a força de vontade de um mundo melhor e a certeza de que nossas atitudes farão sim a diferença.

 

 

Esther Cristina Pereira é psicopedagoga, diretora da Escola Atuação
e vice-presidente do Sinepe/PR.