SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ) solicitou ao Tribunal de Justiça de São Paulo, nesta sexta-feira (5), a quebra dos sigilos bancário e fiscal do presidente da Assembleia Legislativa, Fernando Capez (PSDB). O deputado foi citado por investigados na Operação Alba Branca, que apura fraudes na compra de merenda escolar.
Além da quebra de sigilo, a PGJ pediu ao tribunal autorização para investigar o presidente do Legislativo, devido a seu foro privilegiado.
Segundo a assessoria de imprensa do tucano, ele já havia disponibilizado às autoridades, na segunda-feira (1º), o acesso a seus dados bancários e fiscais.
Também foi solicitada a quebra do sigilo de Luiz Roberto dos Santos, o Moita, ex-chefe de gabinete da Casa Civil, e de Fernando Padula, ex-chefe de gabinete da Secretaria da Educação do governo Geraldo Alckmin (PSDB).
Moita caiu em grampos da Polícia Civil dando informações e orientações à Coaf, cooperativa de Bebedouro (SP) que fornecia suco de laranja para a merenda da rede estadual. Em depoimento à polícia, os ex-dirigentes da entidade já admitiram fraudes. Em ao menos uma das conversas interceptadas pela polícia, Moita cita Padula, que é apontado como o contato do grupo dentro da Educação.
Os dados solicitados pela PGJ são a partir de 2014, quando a Coaf venceu uma chamada pública (modalidade de contratação sem licitação, como autoriza a lei em caso de agricultura familiar) com o governo Alckmin. Ex-dirigentes da cooperativa disseram à polícia que Capez era beneficiário de propina por ter favorecido a entidade nos negócios com o governo.
O contato da Coaf com o presidente da Assembleia teria sido feito pelo lobista Marcel Ferreira Julio -filho do ex-deputado Leonel Julio.
Marcel está foragido desde o dia 19 de janeiro, quando foi deflagrada a Operação Alba Branca. Ele teve prisão temporária decretada.
Seu advogado, Luiz Fernando Pacheco, afirmou que o lobista pagou uma comissão ao ex-assessor de Capez Jéter Rodrigues por um “serviço de consultoria junto à Secretaria da Educação do Estado”. À Folha de S.Paulo o ex-assessor afirmou, na semana passada, que Capez nunca lhe pediu nada, e negou ter recebido pagamentos.
OUTRO LADO
O deputado Capez nega qualquer envolvimento no esquema e diz que já disponibilizou seus dados bancários e fiscais. O tucano afirma ainda ter pedido à Procuradoria-Geral de Justiça para ser ouvido em caráter de urgência.
“Não tenho nada a temer. Quero esclarecer essa história até o fim. Tanto que vou trabalhar pela instalação da CPI requerida na Assembleia Legislativa”, afirmou Capez, por meio de nota.
Padula, ex-chefe de gabinete da Educação, nega participação no esquema. A reportagem não localizou o ex-chefe de gabinete da Casa Civil, o Moita.