KLEBER NUNES RECIFE, PE (FOLHAPRESS) – Sob sol forte e calor na casa dos 30°C, milhares de foliões saíram às ruas do Recife, em mais um desfile do Galo da Madrugada, na manhã deste Sábado de Zé Pereira (6). O desfile começou às 9h (horário local) e deve se estender por nove horas. O cortejo saiu da travessa do Forte das Cinco Pontas e percorrerá seis quilômetros dos bairros de São José e Santo Antônio, na região central da capital pernambucana. Considerado o maior bloco do mundo, o Galo misturou frevo, maracatu e manguebeat, em homenagem ao músico pernambucano Chico Science –que, se estivesse vivo, completaria 50 anos em março. O advogado Emídio Fagundes, 58, de Maceió, estreou há 31 anos no Galo da Madrugada. “Quando vim pela primeira vez só tinha 200 pessoas, hoje temos aí essa multidão. Cada ano que passa esse Carnaval fica mais bonito”, afirmou Fagundes. Em meio aos veteranos, há também estreantes. A recepcionista Estela Lourenço, 30, e o montador Leandro Ribeiro, 33, trocaram o Carnaval do Rio de Janeiro pela folia do Recife. “A festa aqui é boa demais, principalmente pelas músicas que são contagiantes. Espero voltar sempre”, disse Estela. O casal de recifenses Rita de Cássia, 30, e Luiz Calábria, 33, também foi conhecer de perto o Galo. “Sempre tivemos curiosidade e este ano tivemos coragem de vir. É tudo muito lindo, e, no que depender da gente, voltaremos todos os anos”, disse Rita. Nas ruas da região central do Recife, fantasias clássicas como as de super-heróis são vistas lado a lado de personagens brasileiros, como a boneca Emília, do “Sítio do Pica-Pau Amarelo”. Alguns aproveitaram a folia para falar de política. O casal Braz, 54, e Dulcineide Carneiro, 49, se vestiu como agentes da Polícia Federal. Nos coletes, o nome da operação mais famosa do país: a Lava Jato. “É para lembrar a todos que mesmo no Carnaval não devemos esquecer a realidade de escândalos do nosso país”, afirmou Braz. ZIKA Apesar de o Galo ser a estrela no Recife, outro animal também marca presença nas lembranças dos foliões: o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, da chikungunya e da zika. “Repelente e camisas de manga comprida são itens obrigatórios. Estamos muito atentos ao Aedes e não podemos descuidar nem no Carnaval”, disse Dulcineide. Em ano de crise, muita gente aproveitou o desfile do Galo da Madrugada para tentar ganhar dinheiro. Com lonas e pedaços de madeira, pessoas improvisaram banheiros sobre as calçadas. Os usuários pagavam R$ 1 para utilizar o “serviço”. Camarotes também foram improvisados em calçadas, garagens, prédios comerciais e até em áreas públicas. O desfile do Galo da Madrugada deve terminar por volta das 18h. Pelos seis quilômetros do percurso, mais de 30 trios devem animar cerca de 2 milhões de foliões. A música pernambucana estará representada com shows de Mundo Livre S/A, Otto e Lirinha.