JAIRO MARQUES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Campeã do grupo de acesso em 2015, a Unidos do Peruche vai para o sambódromo levando um enredo de reverência ao samba: “Ponha um pouco de amor numa cadência e vai ver que ninguém no mundo vence a beleza que tem o samba…100 anos de samba, minha vida, minha raiz”.
Para o tributo, a escola pretende abordar as origens negra do ritmo, passando pela poesia de Cartola, Nelson Cavaquinho, Adorinan Barbosa, Ary Barroso e muitos outros. A homenagem passará ainda por sambas-enredo que marcaram época e as várias facetas do samba. A direção da Peruche considera um grande desafio manter-se na elite do Carnaval paulistano. A agremiação, que ficou cinco anos fora do grupo de elite paulistano, completa 60 anos este ano.
A filial do samba, como é conhecida a escola, é uma das representantes das primeiras escolas paulistas a disputar por desfiles de carnaval. Completam esse time o Vai-Vai, a Nenê e a Camisa Verde e Branco, que está neste ano no grupo de acesso do samba paulista. Infelizmente, o samba-enredo cantado por Toninho Penteado e Quinho que homenageia o samba não faz referências ao samba paulista ou ao samba da própria escola, que é um marco no Estado. Mas sobram referências à Bahia e ao Rio de Janeiro.
Antes do desfile, Quinho disse que a comunidade o recebeu de bracos abertos e que espera que o amor seja eterno. Em seu grito de guerra, o presidente da Peruche, Sidney de Moraes, o Ney, disse que está muito feliz da Perche voltar ao grupo de elite do Carnaval de São Paulo. “Agora é com vocês. Salve minha velha guarda, minhas baianas e a toda a comunidade. Salve a todos e bom desfile. Vamos botar fogo.”
Depois da Unidos do Peruche, desfilam pela passarela do samba a Império da Casa Verde, Acadêmicos do Tucuruvi, Mocidade Alegre, Vai-Vai, Dragões da Real, X-9 Paulistana. As agremiações têm que passar pela passarela do samba entre 55 minutos e 65 minutos para não perderam pontos.

O SAMBA-ENREDO DA ESCOLA
“Ponha um pouco de amor numa cadência e vai ver que ninguém no mundo vence a beleza que tem o samba…100 anos de samba, minha vida, minha raiz”

Firma o pandeiro e o tan tan
Tem samba até de manhã
E a nação perucheana faz a festa
O meu batuque ecoou, um lindo canto de amor
A filial chegou

Na ginga vem o povo negro
Celebrando a vida e a magia ancestral
Das bandas de angola e do congo
Batendo na palma da mão
Baianas abraçaram a tradição
Na praça xi, o berço imortal
Herança dos terreiros de iaiá
São batuqueiros que venceram preconceitos
A nobreza da cultura popular

Cavaquinho a tocar, sentimento no ar
É poesia eternizada em cada nota
O som que aflora é a cara do povo
“Aquarela” que pintou um mundo novo

Então, “meu brasil, brasileiro”
É de bambas, celeiro
Nas ruas, vielas, a voz da favela
Acordes que trouxeram liberdade
Não marcam bobeira, a boemia e a malandragem
À luz da lua suas faces vão brilhar
E nos quintais, inspiração de um novo dia
Se tem o banjo e o repique, vamos sambar no cacique
Fazer do enredo uma canção
Eu sou Peruche, “não leve a mal”
“A grande campeã de Carnaval”

Autores: Jairo Roizen, Ronny Potolski, Madureira, Marcelo Madureira, Alex Barbosa, Sukatinha, Bagé, Tubino, Igor Vianna, Thiago Sousa, Gilson, Kaballa, Victor e Meiners.