SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente do comitê de Relações Exteriores e Defesa do Parlamento (Knesset) de Israel, Tzachi Hanegbi, disse que o país não deve perder tempo esperando que Brasília aceite a indicação de Dani Dayan para o cargo de embaixador e que, em vez disso, deve atribuir a ele um posto diplomático “em uma capital não menos importante”.
De acordo com a imprensa israelense, Hanegbi declarou, neste domingo (7), que o ex-líder de colonos não será embaixador no Brasil por causa da recusa do governo em aprovar a indicação.
O Brasil ainda não informou Israel oficialmente da rejeição e ainda tem meses para deliberar.
A controvérsia quanto à nomeação começou em agosto. Dayan foi apontado como candidato ao cargo depois que o embaixador anterior, Reda Mansour, voltou a Israel por questões pessoais após pouco mais de um ano.
A escolha não agradou ao governo brasileiro porque Dayan foi anunciado por Netanyahu pelo Twitter (sem aviso prévio ao Itamaraty) e porque ele liderou, de 2007 a 2013, o conselho Yesha (representante dos 500 mil colonos israelenses na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental).
A diplomacia brasileira é contra a política de ocupação dos territórios palestinos.
“Não podemos permitir que ilusões resultem em perda de tempo”, disse Tzachi Hanegbi em uma reunião para discutir o assunto, convocada por Nahman Shai, da União Sionista.
Segundo o jornal “Haaretz”, Shai abriu o encontro dizendo que o fato de o governo brasileiro rejeitar uma nomeação porque não concorda com o posicionamento político de Dayan é inaceitável. “A decisão do governo deve ser honrada. Ele representa as opiniões do governo”, disse.
Hanegbi afirmou que a questão deve ser resolvida rapidamente. “É impossível deixar o Brasil sem um embaixador.”
Em janeiro, o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, disse que Dani Dayan continuava sendo o seu nomeado para ocupar o cargo de embaixador de Israel em Brasília.
“Acredito que Dani Dayan é excepcionalmente qualificado. Ele continua a ser meu candidato. Acho que rotular pessoas é o próximo estágio após rotular produtos, e não quero rotular ninguém”, disse Netanyahu.
Mas o premiê afirmou também que pretende melhorar o elo com o Brasil: “Na verdade, temos um relacionamento crescente. Espero que possamos fortalecer essas relações”.
O assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, afirmou que Israel deu um “passo em falso” ao indicar o ex-líder de colonos israelenses Dani Dayan para o cargo de embaixador no Brasil.