LUCAS VETTORAZZO
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Com um samba de fácil assimilação e um enredo popular – sobre São Jorge -, a Estácio de Sá empolgou o público no primeiro desfile do Grupo Especial das escolas de samba, ocorrido na noite deste domingo (7).
A escola subiu para o Grupo Especial no ano passado, ao ter sido campeã do Grupo de Acesso. Justamente por isso, havia um clima de nervosismo na concentração.
O primeiro carro da escola, ornado com o leão, chegou a ter um problema técnico. Um problema em uma peça que conectava os dois blocos do carro abre-alas atrasou um pouco a entrada da alegoria na Sapucaí. Chamado de “Berço da Civilização”, o carro entrou na passarela do samba depois de dez minutos, mas não chegou a prejudicar a evolução da escola. O São Jorge montado no cavalo branco esteve pelo menos três vezes durante o desfile.
Antes de cruzar a avenida, alguns integrantes transpareciam o nervosismo de voltar para o grupo de elite do Carnaval carioca. Era o caso da sommelier de cerveja Mari Rodrigues, 29, integrante da bateria da escola. Ela, que toca surdo de segunda, chorava antes mesmo de entrar na passarela. Natural de Ribeirão Preto (SP), vive no Rio há pouco mais de quatro anos.
“Estou nervosa, mas não atravessei o samba até agora e não vai ser hoje que isso vai acontecer”, disse ela, que esperava poder ver, na arquibancada, sua mãe, que desembarcou de Ribeirão neste domingo, para assisti-la.
Tradicionalmente a primeira escola é a que menos empolga o público, ainda frio. O samba de canto fácil, porém, ajudou a levantar a arquibancada e as frisas. “Sou teu fiel seguidor / meu cavaleiro / por dia mato um dragão / sou brasileiro / Estácio veste seu manto / carregado de axé / salve são Jorge / guerreiro na fé”, cantava o público.
“A bateria entrou certinha. Encaixamos todas as viradas e bossas”, disse o integrante da comissão de bateria Marcelo Alexandre da Silva, 30, que terminou o desfile chorando.
Apontada como a escola de menos recursos ao lado da União da Ilha do Governador, a Estácio luta contra um tabu do Carnaval do Rio que diz que a escola que sobe, cai no ano seguinte. “Os tabus estão ai para serem quebrados”, disse o diretor de harmonia Cláudio Henrique Rodrigues, 49. “O desfile foi melhor do que o 1992”, disse, referindo-se a quando a escola foi campeã do grupo especial.
O último carro da escola levou a velha guarda, vestida da maneira clássica com homens e mulheres de terno branco e chapéu panamá, algo que causou empatia do público, que acenava e aplaudia os integrantes. “A velha guarda a gente tem que carregar no colo”, disse Rodrigues.
A vermelho e branco foi para avenida com 3.200 integrantes, 29 alas, 7 alegorias e um tripé da comissão de frente.