SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um atentado suicida próximo a um clube de policiais em Damasco deixou ao menos dez mortos nesta terça-feira (9), segundo a agência estatal Sana. O carro-bomba explodiu em frente a uma feira no bairro de Masaken Barzeh, no norte da capital síria, causando grandes estragos em carros e prédios no local. Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, com base em Londres, entre os mortos estão oito policiais. Outros 20 teriam ficado feridos. O atentado ocorre no momento em que a comunidade internacional pressiona ainda mais o regime de Bashar al-Assad e sua aliada Rússia pelas ações militares que têm levado milhares de civis a abandonarem suas casas no norte do país. AJUDA HUMANITÁRIA Nesta terça (9), a ONU alertou que 300 mil pessoas em Aleppo poderão ficar sem ajuda humanitária devido aos bombardeios sírios e russos contra opositores na região. Para fugir das ações militares, dezenas de milhares de sírios têm fugido em direção à fronteira com a Turquia, que está fechada há cinco dias. Estima-se que 50 mil já estariam na região fronteiriça, enfrentando o rigoroso frio em acampamentos improvisados. Nesta terça, o Acnur (agência da ONU para refugiados) se uniu ao coro que pede que a Turquia abra sua fronteira para os refugiados que estão acampados no local. Pressionado, o governo turco insiste que a culpa pela tragédia humanitária é de Moscou. Nesta terça, o premiê turco, Ahmet Davutoglu, pediu que a comunidade internacional se manifestasse contra a Rússia por “bombardear impiedosamente alvos civis” na Síria. Segundo ele, 70 mil refugiados podem chegar à fronteira se a campanha militar da Síria e da Rússia contra a oposição continuar. Em entrevista coletiva em Budapeste, o ministro das Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusoglu, defendeu seu governo, dizendo que eles estão deixando os refugiados passarem de maneira “controlada”. Segundo o ministro, a Turquia teria permitido a entrada de 10 mil sírios nos últimos dias. O país já tem hoje cerca de 2,5 milhões de refugiados da Síria. UNIÃO EUROPEIA Na segunda, após se reunir com Davutoglu em Ancara, a chanceler alemã, Angela Merkel, disse estar “horrorizada” com o sofrimento de civis que estão sendo obrigados a deixar Aleppo por causa de bombardeios apoiados pela Rússia. Merkel e Davutoglu anunciaram que os dois países acordaram em desenvolver uma “iniciativa diplomática conjunta” para parar os ataques contra Aleppo. Nesta terça, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, disse que os ataques russos na Síria estão ajudando o governo “criminoso” de Bashar al-Assad. “As ações da Rússia na Síria estão tornando ainda pior uma situação que já era muito ruim”, afirmou, em Bruxelas. “Como consequência direta da campanha militar russa, o regime criminoso de Assad está conquistando terreno, a oposição moderada síria está recuando e novos milhares de refugiados estão fugindo para a Turquia e a Europa.” O governo russo reagiu nesta terça às recentes acusações dizendo não haver “evidência crível” de que seus bombardeios causaram mortes de civis na Síria. Na última segunda (8), a organização Human Rights Watch apresentou um relatório em que acusa as forças do governo sírio e os militares russos de realizar ataques com bombas “cluster” (de fragmentação) nas últimas duas semanas na Síria, matando 37 pessoas -entre elas, seis mulheres e nove crianças. Segundo o relatório da organização, as bombas de fragmentação, que são amplamente proibidas, foram utilizadas em pelo menos 14 ataques em cinco províncias desde 26 de janeiro.