SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, anunciou sua intenção de “circundar toda Israel com uma cerca”, para proteger o país das “feras selvagens”.
Ele revelou a proposta durante uma visita à fronteira com a Jordânia, no sul de Israel, na última terça (10).
Segundo Netanyahu, a cerca evitaria que palestinos e cidadãos dos países árabes vizinhos se infiltrassem em Israel, e ajudaria a resolver o problema dos túneis usados pelo Hamas a partir de Gaza.
“Na nossa vizinhança, precisamos nos proteger contra as feras selvagens”, disse o premiê.
“No fim das contas, teremos uma cerca como essa circundando Israel em sua totalidade. Vamos cercar todo o Estado de Israel com uma cerca, uma barreira”, completou, mostrando uma cerca de 30 km que está sendo construída na fronteira com a Jordânia –da cidade de Eilat, no mar Vermelho, até a região do vale de Timna, onde será erguido um novo aeroporto internacional. Só esta cerca vai custar a Israel cerca de US$ 77 milhões.
Netanyahu ainda afirmou que seu governo está examinando formas de fechar os vãos que existem no muro que já divide boa parte do território nas áreas ocupadas da Cisjordânia.
A proposta de erguer a cerca em todo o território israelense, contudo, é alvo de críticas dentro de seu próprio gabinete.
“O primeiro-ministro falou hoje [terça] sobre como precisamos de cercas. Nós estamos nos prendendo em cercas. Na Austrália e em Nova Jersey, não há necessidade de cercas”, disse o ministro da Educação, Naftali Bennett, que já havia criticado recentemente Netanyahu em questões de segurança.
As fronteiras de Israel com o Líbano, Síria, Egito, Cisjordânia e Faixa de Gaza já estão separadas por cercas ou muros. A barreira mais recente, na fronteira com o Egito, foi concluída em 2013.
A mais polêmica barreira, contudo, é o chamado “Muro da Cisjordânia”, que começou a ser construído em 2002, no meio da Segunda Intifada Palestina (2000-2005). Ao todo, a barreira (que é 90% cerca e apenas 10% muro) teria 700 km de extensão, mas apenas 450 km foram completados até hoje.
Seu trajeto se tornou polêmico quando ficou claro que cerca de 9% dela passaria pelo território palestino. Em alguns pontos, como em Belém, ela dificulta o ir e vir dos palestinos da Cisjordânia com postos de controle militares.