THAIS BILENKY
NOVA YORK, EUA (FOLHAPRESS) – Logo depois da vitória do pré-candidato Bernie Sanders na primária democrata de New Hampshire, na terça-feira (9), sua campanha pediu doações de US$ 3 para ajudar “a levar a mensagem de Wall Street a Washington, do Maine à Califórnia”: o governo pertence ao povo, não a um punhado de bilionários.
Trocos começaram a pingar. Em Fresno, Califórnia. Em Orono, Maine. E além.
Mais de 150 mil pessoas contribuíram no total com US$ 5,2 milhões em 18 horas.
A informação iria “provocar arrepios na elite financeira e política do país”, previu o coordenador de campanha de Sandes, Jeff Weaver. Animado com o ritmo, ele lançou uma meta: US$ 6 milhões até completar 24 horas após as prévias. Bateu tão rápido que ele elevou a régua: US$ 7 milhões.
Até a manhã desta quinta-feira (11), US$ 7,43 milhões foram arrecadados para o pré-candidato de discurso socialista, para quem a distribuição de renda nos Estados Unidos é a prioridade e o sistema de financiamento de campanhas eleitorais, corrupto (segundo ele, ao permitir grandes doações indiretas de instituições financeiras, o modelo propicia uma relação promíscua entre Washington e Wall Street).
Bernie promete, se eleito, instituir ensino superior público e sistema de saúde gratuitos, além de taxar “a especulação de Wall Street”.
“Somos uma campanha melhor”, bradou o estrategista de Sanders, que venceu New Hampshire por mais de 20 pontos da ex-secretária de Estado Hillary Clinton. “E acredito que hoje temos mais recursos.”
O chefe da campanha de Hillary contra-atacou. “Eu acho que ele está totalmente errado sobre a campanha ser melhor”, disse Robby Mook. “Mas infelizmente está certo sobre quem tem mais recursos. Eles gastaram na proporção de 3 para 1 a mais que nós em televisão em New Hampshire”, informou.
RECORDE
Depois da prévia em Iowa, onde Hillary ganhou de 49,8% a 49,6%, Sanders disse que arrecadara o então recorde para um dia, US$ 3 milhões. A campanha dela não informou.
Com isso, em 2016, o socialista fez US$ 30,46 milhões –em janeiro, ele anunciou arrecadação de US$ 20 milhões, ante US$ 15 milhões de Hillary.
“Ela tem todo ou quase todo o ‘establishment’ do seu lado, não nego”, Sanders disse em debate na semana passada. “Mas eu bem me orgulho de termos 1 milhão de pessoas que contribuíram para a nossa campanha com uma média de U$ 27 por cabeça.”
A campanha do socialista bradou no início do ano ter batido o recorde do presidente Barack Obama ao atingir a marca de 1 milhão de doadores em dezembro. Na sua primeira campanha, em 2008, Obama atingiu a marca em fevereiro. Na campanha seguinte, foi em outubro.
Ao falar depois da derrota em New Hampshire, Hillary tentou fazer um contraponto. “Mais de 700 mil pessoas contribuíram para essa campanha, a grande maioria com menos de US$ 100”, afirmou. “Eu sei que isso não se encaixa na narrativa [de Sanders]. Eu sei que há aqueles que querem negar a paixão e propósitos que todos vocês [seus apoiadores] demonstram diariamente a essa campanha.”
Diante do gás que a campanha do oponente tomou, especialmente entre os jovens, a ex-secretária de Estado se tornou refém do discurso de Sanders, prontificando-se a responder a todo tipo de constatação que ele faz.
Por exemplo, que ela não se sujeita aos interesses de corporações financeiras e que o seu posicionamento é progressista e consistente.
No total do ano passado, Hillary arrecadou US$ 112 milhões e Sanders US$ 73 milhões.