LUCIANA DYNIEWICZ BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – Com um teto para a inflação fixado em 25% para 2016, o governo argentino do novo presidente, Mauricio Macri, já enfrenta as primeiras dificuldades para não ultrapassar a meta. Nesta quinta-feira (11), Macri se reuniu pela primeira vez com líderes da confederação dos sindicatos do país. A pauta principal do encontro foi os reajustes salariais, que começarão a ser negociados com as empresas em março. Os trabalhadores defendem um incremento de pelo menos 32% para repor as perdas. Um ajuste nessa proporção, porém, tornará mais difícil segurar a inflação abaixo de 25%. Os salários na Argentina correspondem a cerca de 40% dos custos da indústria e dos serviços. Apesar de o ministro do Trabalho, Jorge Triaca, ter afirmado que não deveria haver alta maior que 25%, o chefe de gabinete da Presidência, Marcos Peña, afirmou que as negociações não terão um teto. A redução da inflação foi uma das principais bandeiras de Macri durante a campanha eleitoral. Economistas não acreditam que o governo terá sucesso no controle dos preços. “Em 2016, é impossível”, disse à reportagem Aldo Pignanelli, presidente do banco central do país em 2002. Apenas com a desvalorização de 40% do peso, promovida em dezembro pelo governo, os preços subiram 4% em um único mês. A associação imobiliária argentina reconheceu nesta semana que os valores dos novos contratos de aluguel aumentaram 40%. O governo também impulsionou os preços com a retirada dos subsídios de energia. Sem o auxílio financeiro, as contas de luz em Buenos Aires avançarão cerca de 500% a partir deste mês. Para tentar reverter a tendência inflacionária, Macri afirmou, na quarta-feira (10), que os supermercados deverão publicar todos os seus preços em um portal na internet. A intenção é que haja um controle e que a população compare os valores entre os estabelecimentos. No ano passado, a inflação registrada apenas em Buenos Aires ficou em 26,9%.