SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Parlamento da Venezuela, controlado pela oposição, pediu nesta quinta-feira (11) ao governo que busque “ajuda humanitária” com organizações internacionais para “evitar a fome” no país.
O pedido é parte de um acordo, chamado de “crise humanitária e inexistência de segurança alimentar”, que faz uma séria de demandas ao presidente Nicolás Maduro para resolver a escassez de produtos básicos.
A oposição também quer que o governo peça à FAO (órgão das Nações Unidas para a agricultura e a alimentação) que envie uma comissão à Venezuela para “avaliar os riscos de saúde alimentar”.
A Venezuela enfrenta uma escassez de itens básicos, agravada pela intensa queda dos preços do petróleo, que geram 96% das divisas de um país muito dependente das importações.
O acesso a produtos e itens básicos também foi afetado pela inflação, que atingiu 140% entre setembro de 2014 e o mesmo mês de 2015.
DESPERDÍCIO
Durante a discussão sobre o acordo, o chefe do bloco de oposição, deputado Julio Borges, denunciou que o modelo estatista chavista desperdiçou bilhões de dólares durante o último boom do petróleo e gerou uma queda de 87% na produção agrícola.
De acordo com Borges, durante 17 anos de governo socialista, foram desapropriadas 1.200 empresas, das quais 300 da área da alimentação.
Segundo o oposicionista, essas empresas atualmente “não produzem nada, como também ocorre”, acrescentou, “com a grande maioria dos quatro milhões de hectares de terras aptas para a agricultura no país”.
INTERVENÇÃO DOS EUA
O deputado governista Ricardo Molina disse que esse acordo, juntamente com outro que foi aprovado no final do mês passado e que pedia ao governo que declarasse uma crise de saúde por falta de medicamentos, procura criar as condições para uma “intervenção militar dos Estados Unidos”.
Molina sugeriu que uma “emergência alimentar” poderia permitir que o governo dispusesse de “todos os estabelecimentos e unidades de produção”, da Venezuela, incluindo o Grupo Polar, o maior produtor de alimentos no país.
O deputado negou que haja uma crise alimentar na Venezuela e reiterou a tese chavista de que a escassez é resultado de uma “guerra econômica” dos empresários e de grupos de direita, que pretendem derrubar o governo de Nicolás Maduro.