GUILHERME GENESTRETI, ENVIADO ESPECIAL
BERLIM, ALEMANHA (FOLHAPRESS) – A tradicional politização do Festival de Cinema de Berlim não deixou passar incólume nem mesmo “Ave, César!”, comédia dos irmãos Coen sobre os anos de ouro de Hollywood, que abriu a edição do evento, na quinta (11).
Durante a coletiva de imprensa que se seguiu à exibição do filme, os diretores e o elenco foram indagados a respeito da crise de refugiados que enfrenta a Europa -a Alemanha, em particular.
“É uma questão importante? É. Mas apontar o dedo para uma pessoa pública e dizer que ela deveria contar essa ou aquela história é um equívoco”, respondeu o diretor Joel Coen a se faria um filme sobre o tema dos refugiados.
George Clooney, um dos protagonistas do filme, devolveu a pergunta à jornalista que o inquiriu: “E o que você faz pelos refugiados?”.
Foi um raro momento irritado de um Clooney falastrão, que chegou à coletiva falando alto, tirou sarro do sotaque dos jornalistas estrangeiros e interrompeu as respostas dos colegas com piadas.
Em “Ave, César!”, ele interpreta um astro hollywoodiano que simpatiza com comunistas em pleno macarthismo -tema que o ator já tratou em “Boa Noite e Boa Sorte” (2005), dirigido por ele.
“Se sou comunista? Me recuso a responder isso”, brincou Clooney.
A politização também apareceu na coletiva de imprensa dos membros do júri do festival, neste ano comandado pela atriz Meryl Streep, ecoando os debates do Oscar (criticado pela falta de atores negros indicados)
“Deve sempre haver inclusão de minorias”, disse ela. “Pelo menos no quesito inclusão de mulheres, esse júri está à frente do seu tempo.” Dos sete membros, quatro são do sexo feminino.
A multi-oscarizada Streep disse que proibiu os demais membros de sequer ler os folhetos sobre os filmes em competição. “É incomum nos dias de hoje ter acesso a algo sem qualquer informação prévia sobre aquilo.”
Em sua primeira vez como participante de júri de festival, a atriz disse que não faz “ideia de como conduzi-lo”. “Mas já chefiei outros tipos de empreendimentos, como a minha família.”