MÁRCIO FALCÃO E AGUIRRE TALENTO BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Três delatores do esquema de corrupção da Petrobras estão na mira da força-tarefa da Lava Jato e podem perder benefícios negociados com a Justiça em troca de revelarem detalhes dos desvios na estatal. Os procuradores requisitaram nesta sexta (12) abertura de um procedimento para avaliar se o lobista Fernando Moura, amigo do ex-ministro José Dirceu, e o contador Roberto Trombeta e seu sócio Rodrigo Morales, ligados à UTC engenharia, quebraram acordo de delação. Se a Justiça entender que os termos foram descumpridos, os três perdem direito aos benefícios que recebiam em razão da colaboração, como redução de pena e suspensão de processos. Segundo o MP, no entanto, as provas já produzidas pelos colaboradores poderão continuar a ser utilizadas contra os acusados de participação na Lava Jato. Em janeiro, Moura prestou depoimento ao juiz Sérgio Moro no qual negou que Dirceu tivesse sido responsável pela indicação de Renato Duque à Diretoria de Serviços da Petrobras e também sugerido que o lobista saísse do Brasil durante o mensalão. As declarações contradiziam o que ele havia afirmado na colaboração. Amigo do ex-ministro há mais de 30 anos, ele insinuou que sua delação pudesse ter sido deturpada pelos procuradores ou seus advogados, sendo que o MP não tinha gravado as falas. Diante da ameaça de ter sua colaboração anulada, Moura mudou de versão, pela segunda vez, e voltou a incriminar Dirceu, confirmando que o petista recebia propina de empreiteiras e que sabia que esse dinheiro era proveniente de desvios na Petrobras. Sobre as contradições, ele disse que mentiu porque se sentiu ameaçado no dia anterior ao seu primeiro depoimento à justiça. Ele alegou que foi abordado por um estranho em uma rua de vinhedo, onde vive, que lhe perguntou como estão seus netos no sul. Para os procuradores, “apesar de ter alegado suposta ameaça como fundamento para a alteração do depoimento prestado em juízo, verificou-se ser infundada a justificativa apresentada por Moura”. NOVOS CRIMES A força-tarefa também decidiu pedir abertura de procedimento para analisar possível anulação dos termos de colaboração do contador Roberto Trombeta e seu sócio Rodrigo Morales. Os dois deixaram de entregar documentos relacionados aos fatos criminosos e teriam tido problemas com o pagamento da multa fechada no acordo. Os procuradores dizem ainda que “apuraram-se indícios de possível envolvimento dos colaboradores com novos fatos criminosos, mediante condutas praticadas posteriormente à assinatura do acordo de colaboração”. Não há detalhes sobre a suspeita de novos crimes. Trombeta fechou acordo de delação em que ofereceu informações de detalhes do uso de empresas de fachada para lavar dinheiro da OAS e da UTC, resultantes de contratos com a Petrobras. Ele admitiu à Procuradoria que era responsável por montar e operar empresas de fachada que firmavam contratos fraudulentos com empreiteiras, para lavar dinheiro desviado da estatal.