SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A interferência do algoritmo na linha do tempo do Twitter, alvo de muita especulação e queixas de usuários, foi confirmada na última quarta-feira (10) pela companhia, horas antes da divulgação dos resultados de 2015. Antes exibidas apenas em ordem cronológica reversa, as mensagens passarão a ser filtradas, o que tende a aproximar a plataforma da dinâmica já usada no Facebook, que mostra mensagens por relevância. Usuários poderão decidir se querem ou não aderir à linha do tempo algorítmica.

Em comunicado, a empresa afirmou que a nova função ajudará a encontrar os melhores tuítes das pessoas que o usuário segue. Ao acessar o Twitter, o usuário receberá no topo da linha do tempo uma coleção de mensagens que tiveram maior repercussão nas horas de ausência. Ao atualizar a linha do tempo, as mensagens voltam ao formato antigo, disse a companhia.

Jeff Seibert, diretor de produtos do Twitter, afirmou ao ‘Wall Street Journal‘ que a empresa não quer se aproximar do Facebook com o uso de algoritmos na linha do tempo. “‘Nós não pretendemos comprometer a nossa natureza de ’tempo real”’‘, disse.

Na semana passada, reportagens dizendo que o Twitter poderia mudar sua linha do tempo geraram reclamações entre os usuários, que tuitaram mensagens com a hashtag #RIPTwitter. Eles diziam que o algoritmo faria o Twitter perder uma de suas características mais clássicas.

BALANÇO

Mudanças no Twitter refletem a pressão de investidores para atrair mais usuários e facilitar o uso da plataforma, considerada confusa por pessoas que não a conhecem. O Twitter contava com 320 milhões de usuários que acessavam o serviço pelo menos uma vez por mês no quarto trimestre de 2015, número estável em relação ao trimestre anterior, mas 9% superior ao registrado em igual período de 2014.

Excluindo usuários da plataforma que permite receber tuítes sem ter uma conta ativa, o SMS Fast Followers, a base de usuários caiu de 307 milhões no terceiro trimestre para 305 milhões no quarto trimestre de 2015.

A mudança também tem o objetivo de atrair mais anunciantes ao oferecer maior visibilidade aos tuítes pagos para promover produtos. No último trimestre de 2015, a empresa registrou receita de US$ 710,5 milhões, alta de 48,3% ante os US$ 479,1 registrados em igual período de 2014. O prejuízo líquido da empresa caiu para US$ 90,2 milhões, ante US$ 125,4 milhões registrados no quarto trimestre de 2014. No ano, o prejuízo líquido foi de US$ 521 milhões.

A implementação do algoritmo é a mais significativa alteração no Twitter desde a volta de Jack Dorsey ao comando da empresa que ajudou a criar. Ele reassumiu oficialmente a presidência em outubro do ano passado. No mesmo mês, a empresa lançou a ferramenta Moments, que agrega assuntos que estão sendo compartilhados na rede por temas.