Não gosto de ouvir o famoso mi-mi-mi de gente que trabalha com o futebol e usa o gramado, o horário do jogo de domingo, a pouca folga entre um jogo e outro, o calendário, as diversas competições, como desculpas logo após a partida. Não que em determinados assuntos não se tenha a devida razão, até concordei com o técnico Claudinei Oliveira. Mas, para que um dirigente de futebol, um técnico tenha voz, ele precisa fazer um planejamento, discutir o futebol, fazer a reclamação na época certa, não na décima segunda rodada. Vejo poucas ações de elaboração de projetos, vejo pouca ação de reformulação do futebol antes de começar uma competição.

Depois do jogo do Paraná em Foz, o técnico Claudinei Oliveira reclamou muito do fato de jogar domingo pela manhã. Depois, no meio de semana ter uma viagem longa para a estreia na Copa do Brasil na quinta-feira, retorna para fazer o jogo da volta também no domingo pela manhã no Paranaense. Separando a parte da reclamação que ele diz que é somente contra o Paraná que isso acontece, dou razão ao técnico. O problema é que para elaborar uma competição de futebol, o técnico e os jogadores nunca são consultados. As pessoas que fazem as negociações na televisão, na Federação, nunca jogaram bola, nunca vão pensar em atleta. Mas são os atletas que rendem o pay per view que eles precisam para lucrar. É claro que desgasta. Imagine você que demorou uma semana para se adaptar com o horário de verão e quando já tinha se acostumado com ele, acaba e você vai ter mais uma semana de sono errado.

A impressão que tenho é que as pessoas do futebol se reúnem uma semana antes da pré-temporada, pegam o calendário do próximo mês e vão trabalhar em prol de uma boa sequência de vitórias para se manter no cargo, para ficar sem o protesto da torcida, para que ninguém encha o saco.

A falta de gente realmente interessada em planejamento de médio e longo prazo no futebol chega a irritar. Depois que passar o estadual, o clube vai atrás dos jogadores para resolver o problema que já existia no ano passado, afinal de contas o jogador caro iria receber o salário de 3 meses para jogar um estadual. E assim é com o técnico, que no estadual pode ser um técnico que ano passado era o auxiliar e eles vão à imprensa dizer que é uma aposta do clube. Começa o Brasileirão e eles correm desesperadamente atrás de um profissional mais qualificado.

E quando a Europa faz suas contratações antes da pré-temporada, ou mesmo clubes que já estão se preparando para a próxima com 5 rodadas para terminar as suas temporadas, fico pensando que estamos perdendo de 7×1 até agora. Guardiola já sabe para onde vai, José Mourinho também e aqui no Brasil, um técnico faz pré-temporada, perde 5 jogos de um estadual e já é dispensado. Negueba tem contrato até o fim do ano e agora o Grêmio parece querer levar o meia atacante para Porto Alegre. Isto deixa o jogador pilhado, pensando em ganhar mais dinheiro e agora que finalmente ele fez dois bons jogos, pode desestabilizar o cara.

A CBF convocou um lateral esquerdo para o Sub-20 do Atlético Paranaense, Nicolas. O que me chamou a atenção, é que Paulo Autuori está improvisando o lateral direito Léo e os dois jogadores na posição mostraram deficiência e o time já testou Sidcley, Pará e Roberto. Engraçado que a seleção brasileira achou um lateral esquerdo para testar na seleção e o próprio Atlético não achou no campo oito.

Mauro Mueller é apresentador do Show de Bola da Rede Massa, radialista e ator