De 11 a 22 de maio, desembarcam turistas e amantes do cinema aos milhares em Cannes, França, para o tradicional festival que vai entregar a Palme d’Or aos destaques de 2016. Mauren Ada, Andrea Arnold e Nicole Garcia são as três artistas que disputam o prêmio maior.

Pela quinta vez, Almodóvar, o diretor espanhol, participa do Festival de Cinema mais importante do planeta, com convidado . Desfilando na Croisette, agora com os cabelos brancos, aguarda ser escolhido para receber a Palma de Ouro pelo seu último filme, Juliete.

Fotos: Dayse Regina Ferreira

O urso é símbolo de Berlim e o Urso de Ouro é a estatueta que homenageia os melhores filmes no Festival de Berlim

 

CANNES E A CÔTE D’AZUR
Cannes é visitada por mais de 2 milhões de turistas ao ano. Cosmopolita, cheia de glamour, faz realidade um clima de alto nível, no dia a dia de sofisticação. Mas tem também opções para todos os gostos. E bolsos. Dos quase oito mil quartos de hotel, reserva 1.300 em palácios, como são chamados os hotéis de luxo. O restante é dividido em quatro e três estrelas, além de mais de dois mil quartos em residências.

Há quem prefira se hospedar no mosteiro de Saint Honorat, com um claustro do século 13, dormindo em uma das trinta celas monásticas e provando o vinho do Domaine, preparado pelos monges que vivem lá desde o século V. O Vin des Moines é caro e muito procurado, mas garante um sonho dos anjos, mesmo na austeridade das celas de um mosteiro. Sempre lotado, o hotel obriga reservas feitas com bastante antecedência na ilha Lérins.

Mas quem gosta de tapete vermelho, requintes de veludos e dourados como no passado, escolhe um dos palácios tradicionais, verdadeiros museus, como o lendário Negresco, o Majestic Barrière, Carlton, Martinez. Há opções bem modernas, como quando foi lançado o hotel 3.14, o Pi, símbolo matemático que encanta pessoas há séculos, evocando mistérios e romantismo, desde a Babilônia, dois mil anos antes de Cristo, passando por Sócrates, Platão, Aristóteles, Alexandre – o Grande, Arquimedes e Da Vinci. Decoração baseada no Feng Shui, a modernidade toma ares de viagem psicodélica, fazendo justiça ao lema que você seja daqui ou de fora, pouco importa: você estará em outro lugar. Pelé foi um dos seus primeiros hóspedes.

Cannes não é apenas cinema: mantém um dos mais importantes centros de congressos e eventos da Europa. Como inovar é preciso, o fabuloso Salão Internacional do Luxo também passa por Cannes. O ITM – International Luxury Travel Mart – lança viagens de alta sofisticação para um público específico. Em 2004, em pleno inverno, foi criado o Cannes Shopping Festival, para dinamizar o comércio depois do período das festas natalinas, com desfiles das grandes marcas da moda, ofertas nas mais de 300 lojas da cidade e preços convidativos. No verão acontece o Sport and Fitness Festival e o Vin Expo ficou famoso em 2008 com seu Forum, degustação de vinhos, conferências e análise do mercado. Cannes, antes visitada entre maio e outubro, aprendeu a criar novos atrativos para receber turistas durante o ano todo.


Marlene Dietrich, estrela maior do cinema alemão, continua em cartaz em Berlim

CÔTE D’AZUR
Quinze percursos de golfe, 14 estações de esqui distantes apenas uma hora do litoral, 31 portos de plaisance, 125 modalidade esportivas a serem praticadas no inverno ou no verão e mais de 3 mil restaurantes fazem da Côte d’Azur um destino perfeito para férias e lazer. Além da parte dedicada a ser feliz, a região recebe mais de 35 mil estudantes e a Université de Nice-Sophia Antipolis mantém de cerca de 27 mil estudantes, com atendimento de 1.150 professores, que trabalham e estudam em 200 centros de pesquisa e nas 12 faculdades/campus.

Quatro décadas depois de sua criação, Sophia-Antipolis conta com 1.200 sociedades que agrupam 20.500 empregos, dos quais 52% executivos. Quarenta por cento das empresas se dedicam à pesquisa e ao desenvolvimento de tecnologia de informação, ciências e ensino superior. Das 120 nacionalidades representadas na Côte d’Azur, 68 estão em Sophia Antipolis.


Cinema e grafite, dois destaques na capital alemã

CINEMA NA ALEMANHA
Quando o século ainda era jovem e o meio de comunicação filme mal tinha nascido, a Alemanha era um dos países que tornaram mais interessante o mundo, com a cinematografia. Diretores como Ernst Lubitsch e Friedrich Wilhelm Murnau ou o vienense Fritz Lang realizavam em Berlim as mais fantásticas visões, que ficaram insuperáveis.

O cinema alemão voltou a alcançar o mesmo significado internacional a partir da década de 60, com filmes como O Tambor, que deu um Oscar a Volker Schlöndorff, revelando o jovem ator David Bennent no papel de Oskar Matzerath; O barco – inferno no mar, de Wolfgang Petersen; O céu sobre Berlim de Wim Wenders ou Estalingrado e Irmão do Sono de Joseph Vilsmaier foram transformados em cult.

Os famosos festivais internacionais de Berlim, Oberhausen e Saarbrücken atraem todos os anos cineastas e artistas do mundo inteiro. Mas há ainda outros cinquenta festivais, para apresentação da oferta sempre volumosa e notável. Em 1991 os irmãos Lauenstein receberam um Oscar pelo desenho animado Balanço. Em 1994 foi a vez de Pepe Danquardt ser agraciado com o troféu, pelo seu curta metragem Passageiro clandestino. As programações na tela mágica do cinema atraem mais de 140 milhões de espectadores a cada ano. E movimentam o turismo fazendo circular, entre povo e mitos, os sonhos que tornam a vida real mais fácil de ser enfrentada. Tapete vermelho para todos, então.


DESTAQUE

Divulgação

Fora da realidade, a velha senhora desce as escadarias pensando que são da glória, e segue para a prisão em “Crepúsculo dos Deuses”

 

CREPÚSCULO DOS DEUSES
Filme do polonês Billy Wilder, com Gloria Swanson, William Holden, Erich von Stroheim está, mais do que nunca, atual, revisitado até por uns e outros políticos. Fugindo dos representantes de uma financeira, que tentavam recuperar o carro por falta de pagamento, Joe Gillis (William Holden) busca refúgio na mansão tão decadente quanto sua proprietária, Norma Desmond (Glória Swanson).

Quando descobre que Gillis é roteirista, Norma, que passa o tempo assistindo seus próprios filmes em branco e preto do cinema mudo, quando era uma estrela de sucesso e glórias, pensa em fazer uma revisão do roteiro de Salomé, esperando retornar às telas em um mundo que ela desconhe. Se o filme é ruim, o pagamento é bom. Gillis acaba envolvido na teia tramada pelo velho mordomo, e pela velha senhora. Quando Norma descobre que Gillis está apaixonado por uma mulher bem mais jovem e moderna, assassina o homem que a fez sonhar com dias impossíveis.

Vivendo em uma outra galáxia, feita de sonhos e passado, desce as escadas monumentais da velha mansão, pensando estar descendo novamente para a glória. Na sua loucura, acredita que os flashes dos jornalistas da seção criminal e a presença dos policiais fazem parte dos holofotes de um sucesso recuperado.

O filme é considerado um dos melhores já realizados nos Estados Unidos e teve Cecil B. DeMille, Hopper, Buster Keaton fazendo pontas, representando eles mesmos. Crepúsculo dos Deuses, de 1950 foi indicado para 11 Oscars e foi agraciado com 3 estatuetas: melhor roteiro original, melhor direção de arte em preto e branco e melhor trilha sonora original. O filme recebeu o Globo de Ouro em 1951. No mesmo ano o Prêmio Bodil (Dinamarca) e Jussi Awards (Finlândia).

Sunset Boulevard é filme amargo, com o gigolô no papel de morto que conta sua própria história. Narrador e personagem são a mesma pessoa, diferenciada no tempo. Sem saída, preso à atriz e seu fiel mordomo, amarrado à extrema carência de Norma que, vivendo em sua esfera de quimeras, não entende que seu passado fake morreu. Ao invés da glória, desce as escadarias, com ares triunfantes, seguindo para a prisão. Crepúsculo dos Deuses está na moda, mais atual do que nunca. Tão atual quanto a novela que teve Regina Duarte no papel de viúva Porcina – aquela que foi, sem nunca ter sido.