26 de abril é o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial. De acordo com o Ministério da Saúde, em nosso país existem mais de 40 milhões de hipertensos. Na população acima de 60 anos eles são 60%. Com o passar dos anos e com a idade chegando a pressão arterial sobe devido ao acúmulo de cálcio nos vasos sanguíneos, que vão ficando mais rijos. Isto acaba aumentando a pressão de sangue, o que prejudica não só os rins, mas também o cérebro e o coração. Clovis Cechinel, geriatra do Laboratório Frischmann Aisengart, explica que geralmente a pressão começa a subir devagar e a dificuldade de observar os sintomas se dá porque o organismo acaba acostumando com essa elevação.

Além disso, o hipertireoidismo, a doença de Paget, a anemia, a deficiência de tiamina, o uso de antiinflamatórios e anticoncepcionais também podem ser responsáveis pela elevação da pressão. As principais causas seriam a dieta rica em sal, sedentarismo, obesidade, além da própria genética individual.

O geriatra explica que a pressão alta pode ser chamada de inimiga oculta, pois pode não apresentar sintomas, o que dificulta o diagnóstico precoce e, mesmo assim, causar derrame cerebral, infarto, insuficiência renal e cardíaca, além de comprometimento dos vasos sanguíneos. Atenção especial deve ser dada para os pacientes com fatores de risco para hipertensão arterial, histórico familiar de doenças cardiovasculares ou que desejam iniciar atividades físicas, diz o especialista.

Algumas situações como dores e alterações emocionais (crises de ansiedade e pânico, por exemplo) elevam transitoriamente a pressão arterial e não devem ser consideradas para diagnóstico da doença. Também existem pessoas cuja pressão arterial sobe pelo fato de estarem em ambiente médico, também conhecida como hipertensão do jaleco branco. Muitas vezes está relacionada ao perfil de ansiedade do paciente e independe de sua vontade.

Cechinel afirma que a dificuldade maior se encontra no tratamento desses pacientes, dado ao fato de os idosos apresentarem um comportamento aos anti-hipertensivos diferente do adulto jovem. Esse fato ocorre por vários motivos, como a maior sensibilidade de certos sistemas e órgãos à ação de determinadas drogas e a interação com outros medicamentos que o paciente frequentemente vem usando. Assim, a terapêutica anti-hipertensiva deve ser iniciada prudentemente, com uma única droga, sendo a dose inicial habitualmente a metade da dose empregada no adulto jovem. O aumento da posologia deve ser lento e gradual, controlando-se rigorosamente seus efeitos e manifestações colaterais.

Dietas muito restritivas não são recomendadas, afirma o médico. Por isso, para o geriatra o ideal é orientação sobre como se pode evitar o aumento de pressão antes que o caso se torne grave. Evitar ingerir sal e gorduras é o principal. O consumo de certas variedades de alimentos, incluindo cereais, leite, verduras e frutas também é recomendado. Nutricionalmente o uso de temperos naturais com alho, limão, ervas, cebola, ao invés de similares industrializados que contêm muito sódio também é adequado, afirma.

De acordo com o médico, mudar o estilo de vida do paciente tem sido o segredo no tratamento dessa doença sem cura. Programas de exercício físico regulares, além de diminuir a pressão arterial, podem reduzir consideravelmente o risco de doença arterial coronária, acidentes vasculares cerebrais e mortalidade geral, afirma. E continua: Tudo isso, aliado a uma alimentação adequada, ao não hábito de tabagismo, ao pouco consumo de álcool e um dia-a-dia menos estressante pode manter o paciente idoso hipertenso muito saudável.

Cechinel lembra que, apesar do conceito difundido de que é muito difícil mudar hábitos de vida muito antigos, quando a abordagem é feita com bom senso, criando alternativas saudáveis, sem radicalismos, com esclarecimentos dos objetivos e resultados esperados, é possível obter boa aderência, assim como os resultados esperados.

 

Clovis Cechinel, geriatra do Laboratório Frischmann Aisengart, explica porque a doença é mais comum em idosos