Um levantamento feito pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), no ano passado, mostrou que 7,3% das crianças menores de cinco anos estão acima do peso no Brasil. Considerando a faixa etária entre 5 e 9 anos, esse índice sobe para 33,5%. O excesso de peso traz consigo uma série de repercussões à saúde de qualquer pessoa, mais ainda daqueles que estão em formação.
O aumento do tempo despendido com jogos eletrônicos através de games, celulares e tablets, que comprovadamente por vários autores reconhecidos da neurociência mostra-se cada vez mais prejudicial ao desenvolvimento emocional e intelectual de nossas crianças, certamente é uma das causas que contribuem para estas estatísticas.
O que temos visto é um desinteresse cada vez maior das crianças por brincadeiras que movimentem o corpo, promovam a interação, e lhes apresentem desafios corporais. Mas como despertar nos pequenos o gosto pela atividade física?
A chave pode estar no estímulo às brincadeiras. Se bem planejadas, e respeitando a faixa etária das crianças, as atividades físicas podem ser apresentadas às crianças de forma lúdica. Para isso, o professor de Educação Física pode lançar mãos de brincadeiras antigas, como o famoso “Pega-Pega”, “Mãe Cola Americana”, “Polícia e Ladrão”, “Morto Vivo”, entre outras.
O brincar é o berço do processo do desenvolvimento humano. É por meio da brincadeira que a criança cria, simboliza, sinaliza, explora e amplia sua consciência psicomotora, preparando-se para os desafios do dia-a-dia.
Conforme a criança vai crescendo, vão se somando mais regras às brincadeiras, aumentando os desafios propostos. Exercitar o corpo e impor-se desafios ensina à criança sobre sua capacidade de superar limites. Também lhe apresenta o bem-estar proporcionado ao movimentar o corpo, com a liberação de endorfinas, enzimas que proporcionam bem-estar e diminuem a ansiedade e o estresse.
Outro ensinamento importante que o brincar traz é o contato com situações de conflito, que geram uma diversidade de sentimentos e sensações, oferecendo às crianças a oportunidade de aprendizagem e controle emocional. Futuramente, esses aprendizados servirão de repertório para enfrentar situações semelhantes de forma mais equilibrada, sensata e responsável.
Na prática esportiva, seja ela realizada ainda como brincadeira ou já mais elaborada, como num jogo de Handebol ou Voleibol, por exemplo, também se aprendem valores importantes para a vida. A cooperação, a solidariedade, a ética, o cumprimento das regras e o respeito ao outro completam o aprendizado proporcionado pela prática esportiva.
Cabe às famílias estimular seus filhos sem cobranças por um resultado. Afinal, não estamos falando em atletas de alta performance. O que está em jogo e deve sobressair-se é a construção de um hábito de vida saudável, que garanta às nossas crianças o desenvolvimento pleno de suas potencialidades, com saúde física e emocional.

Helio Ricardo Werniski Wolff é professor especialista de Educação Física do Colégio Marista Santa Maria,  da Rede de Colégios do Grupo Marista