ARTUR RODRIGUES SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Taxistas e o Uber se preparam para o que pode ser o “dia D” na batalha pela regulamentação ou não do aplicativo na cidade de São Paulo. A votação de um projeto que libera o serviço on-line que conecta motoristas a passageiros está prevista para a tarde desta quarta-feira (27), na Câmara Municipal. Os taxistas preparam uma grande mobilização para tentar barrar a aprovação, fechando ruas e fazendo muito barulho. A categoria afirma que, para ajudar na pressão, levará à Câmara motoristas de Estados como Paraná, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio de Janeiro. “Regulamentar isso no Brasil é uma falta de respeito e falta de autoridade constituída. Um vendedor de pipoca tem licença e paga imposto. Como uma empresa se instala e desafia as autoridades?”, afirma o presidente do sindicato dos taxistas, Natalício Bezerra. Ele, porém, aconselhou os taxistas da cidade a não fazerem baderna, “porque São Paulo não merece isso”.

Já o Uber investe na mobilização pela internet. Pelas redes sociais e e-mails a usuários, o aplicativo faz uma campanha para inundar as caixas de e-mail dos vereadores com mensagens a favor da aprovação. Basta clicar sobre um link, e o e-mail pedindo a aprovação do projeto já está escrito, pronto para ser enviado para todos os parlamentares. Em 48 horas, foram enviados mais de um milhão de e-mails, afirma a empresa. Na Câmara, o MBL (Movimento Brasil Livre), que se destacou organizando atos pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), estará do lado dos manifestantes a favor da regulamentação aplicativo.

O prefeito Fernando Haddad (PT) fez um acordo na Câmara Municipal de SP para votar a liberação do aplicativo. A gestão pretende incluir um substitutivo dentro de um projeto já aprovado em primeira votação, de autoria do vereador Police Neto (PSD). Assim, com a aprovação em segundo turno, o projeto já seguirá para a sanção ou veto de Haddad.

O projeto de Police Neto trata do compartilhamento de automóveis por aplicativos -o que inclui o serviço do Uber. Serão incluídas neste projeto as mudanças idealizadas pela gestão Haddad. A principal é a regulamentação por meio da venda de créditos on-line. A empresa dona do aplicativo teria de comprá-los da prefeitura para poder rodar na cidade com seus motoristas -assim, a gestão teria informações estratégicas sobre as viagens e estabeleceria um limite de carros nas ruas. A estratégia de utilizar o projeto do vereador surgiu após vereadores ameaçarem barrar um decreto do prefeito.

 

POPULAÇÃO

Pesquisa Datafolha feita em quatro capitais (São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Brasília), divulgada em fevereiro, mostrou que 78% dos entrevistados acreditam que o serviço do aplicativo deve ser regulamentado no país. Apenas 4% das pessoas avaliavam que o Uber deveria ser proibido. Outros 17% consideravam que a empresa deveria continuar a operar no modelo atual, sem nenhuma regulamentação do poder público -e em muitas cidades considerado ilegal. Das 1.775 pessoas ouvidas pelo instituto de pesquisa, 95% gostariam que o aplicativo continuasse em atividade.