BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A presidente Dilma Rousseff pretende anunciar um “pacote de bondades” no evento do Dia do Trabalhador promovido pela CUT (Central Única dos Trabalhadores), na capital paulista.
Diante da possibilidade de ser afastada do cargo no próximo mês, ela orientou assessores e auxiliares a avaliar a viabilidade de reajustar a tabela do Imposto de Renda na Fonte, que não foi corrigida neste ano, e de conceder aumentos tanto para os benefícios do Bolsa Família como para algumas categorias federais.
Segundo assessores, a ideia é, no domingo, na capital paulista, ela anunciar medidas para os trabalhadores, fazendo um aceno efetivo à base social do PT e um contraponto ao vice-presidente Michel Temer, que pretende fazer um pente-fino programas sociais como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida.
A petista passou a avaliar um aumento dos pagamentos do Bolsa Família, como antecipou a Folha de S.Paulo, depois de ser informada que a medida faz parte dos planos do vice-presidente caso ele assuma o Palácio do Planalto.
Auxiliares da presidente anteciparam que, apesar das restrições fiscais, Dilma pediu ao Ministério da Fazenda que busque viabilizar pelo menos o aumento do Bolsa Família. No caso da tabela do IR, a equipe econômica considera difícil realizar um reajuste da tabela agora.
No caso do Bolsa Família, havia no orçamento R$ 1 bilhão reservado para o reajuste do benefício, mas que acabou sendo remanejado para outras áreas diante dos cortes de despesas efetuados neste ano. Um novo remanejamento de verbas poderia ser feito, recompondo a previsão orçamentária original.
O secretário do Tesouro Nacional, Otávio Ladeira ponderou que, sem a revisão da meta fiscal para 2016, não há espaço para promover novos gastos, argumento que vinha sendo utilizado dentro do governo antes de a presidente dar a nova orientação.
“Esse assunto [reajuste do Bolsa Família] poderá ficar para quando a nova meta [fiscal] for aprovada”, disse.
O Palácio do Planalto também avalia a possibilidade de conceder reajuste salarial para algumas categorias federais, entre elas a Polícia Federal.
O objetivo é reforçar o discurso de que o governo petista foi o responsável pela autonomia da Polícia Federal e estimulou a atuação da categoria na Operação Lava Jato.
Nesse sentido, na última segunda-feira (25), o ministro Eugênio Aragão publicou portaria que reitera autonomia orçamentária e financeira para a corporação policial.
O governo federal enfrenta uma das piores crises fiscais da história recente. Apenas nos três primeiros meses do ano, o rombo já alcança R$ 18 bilhões, mesmo com a receita extra de R$ 11 bilhões oriunda da venda de hidrelétricas no final de 2015.
Para evitar um novo panelaço, a presidente não fará pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão no Dia do Trabalho e, como decidiu ir ao evento em São Paulo, não deve divulgar vídeo em redes sociais.
No palco, a ideia é ela adotar um discurso no qual defenderá as conquistas das gestões petistas e criticará eventuais retrocessos em um possível governo peemedebista.
Convidado pela Força Sindical, o vice-presidente Michel Temer decidiu não participar de evento da entidade sindical. O objetivo é evitar que o gesto seja interpretado como uma tentativa de antecipar o desfecho do processo de impeachment.