Jogador de futebol. Mais que uma profissão, é também o sonho de muitos meninos que veem em seus ídolos exemplos a serem seguidos. Some-se a isso o status dos craques, que se transformam em celebridades. Nesse Dia do Trabalho, conversamos com alguns jogadores do Paraná Clube. Jovens ou maduros, todos garantem, sem pestanejar, que para ser jogador profissional é preciso, acima de tudo, perseverar. Saber abrir mão de uma vida comum com seus familiares para se dedicar ao esporte e, basicamente, conseguir vencer no competitivo mercado do futebol brasileiro.

O volante Jean, uma realidade para o torcedor paranista e um dos atletas mais promissores do atual elenco, destaca a importância da superação para seguir com uma carreira vitoriosa. Jogador de futebol é sempre associado a uma vida de glamour, como se você já estivesse feito na vida. E não é bem assim. Pra ser jogador, é preciso abdicar de muitas coisas. Nas datas especiais, por exemplo, quase sempre você está longe da sua família, destaca Jean. Até ser jogador de um patamar como o meu, de estar disputando um Campeonato Brasileiro, por um clube de tradição, exigiu muito no dia a dia. Não só nos treinos, mas também na busca de um segundo trabalho para equilibrar as contas, recorda.

Jean, na adolescência, foi monitor de festas infantis, cuidando de cama elástica, futebol de sabão, fazendo algodão-doce e churros. Só pra ganhar um dinheirinho extra e poder comprar uma chuteira de terceira linha e ter condições de pagar o ônibus para ir treinar. O volante paranista, aos 17 anos, decidiu se aventurar no futebol argentino. Foi para a base do Estudiantes, onde incorporou o espírito de luta que leva a campo em cada partida. Lá, também tive que me virar. Fui trabalhar como vendedor de roupas na loja de um amigo para pagar as contas. Mas, tudo valeu de aprendizado e para o meu crescimento. Hoje, sou grato por vestir uma camisa de peso como a do Paraná.

Sacrifício e perseverança. Características também presentes no passado do zagueiro Zé Roberto. Muitos comentam que não trabalhamos, nos divertimos. Esquecem que nós carregamos um nível de cobrança enorme, dos familiares, de toda uma torcida. Eu não me recordo do último final de semana que tive uma folga. Muitas vezes, não vemos os filhos crescerem. Só que tudo é compensado quando vem a vitória, afirma.

Zé Roberto também começou cedo. Com 6 anos eu já entrei na escolinha, em Tapejara do Oeste, recorda. Quando tinha 11 anos, apertou o orçamento da família, mas para não perder o sonho, fui trabalhar num mercado, como empacotador. O zagueiro estudava em um período e trabalhava no outro, tudo para poder treinar. Com 13 anos, foi para as escolinhas do Inter. Mas, nas férias e nas folgas, ia pra casa dos pais e trabalhava no que pintava. Carregava frango em aviário, colhia tomate, tudo para ajudar. Depois, tive um suporte para me dedicar somente ao futebol.

Zé Roberto disputou um Gauchão pelo Santo Ângelo e depois conseguiu se transferir para o futebol italiano, onde conquistou maior equilíbrio financeiro. O zagueiro, porém, lembra que a vida profissional do jogador é curta e, por isso, tratou de buscar um plano B. Em 2011, após problema com um treinador no Luverdense, comecei a pensar no futuro e fiz o curso para piloto, que é outra paixão que tenho na vida. Mas, mais por garantia de um futuro, emendou.

Recém-chegado ao clube, o lateral-direito Diego Tavares garante estar realizando um sonho. Foi sofrido. O início é sempre difícil. Você vai pra um clube com pouca estrutura, convive com salários atrasados e não consegue evoluir. Batalhei bastante para chegar aqui. Estou num clube de grande expressão e sei que ainda tenho muito a evoluir na minha carreira. O jogador, natural de Capitão Leônidas Marques, interior paranaense, só investiu na carreira de jogador aos 17 anos. Antes, trabalhava com os pais no sítio da família. Com doze anos, ralava na colheita do algodão, na roça. Depois, ainda cuidei de uma granja, abastecendo o aviário, revela.

Bem mais experiente que Diego Tavares, o meia Válber conta que nunca se imaginou fazendo outra atividade, senão a de jogador de futebol. Sempre soube que não havia folga, que não tem fim-de-semana. Neste domingo, feriado do Trabalhador, temos jogo-treino pela frente. Faz parte, fala com convicção. Válber se sente realizado, mas nunca acomodado. Estou feliz no Paraná, fazendo o que mais gosto. Só consegui ser um jogador profissional pelo inventivo dos meus pais e da minha avó. Foram os grandes incentivadores da minha carreira.

Válber admite que só talento não basta. Você precisa perseverar todos os dias. Sem dedicação nos treinos, você não joga. Por isso, estou sempre pronto para trabalhar. Não gosto de ficar fora de treino algum. Não ao acaso, ele tem na ponta da língua o momento mais difícil para um jogador. Para mim, é quando você sofre uma lesão. Vitória e derrota fazem parte dos jogos, mas ficar sem treinar, devido à contusão, me incomoda demais. O camisa 10 garante que o futebol está no seu sangue. Minha mãe achava que eu gostava de ir pra escola. Gostava mesmo era de levar a bola escondida e fugir para jogar futebol. Felizmente deu tudo certo.

O Paraná Clube parabeniza todos os seus trabalhadores inansáveis. Eles estão em todos os setores, de domingo a domingo, trabalhando com amor e dedicação à nossa causa.
1º de maio – Dia do Trabalhador.