Conhecido como Touro de Wall Street, a escultura Charging Bull, em Nova Iorque, representa o otimismo e a prosperidade de um dos maiores centros financeiros dos Estados Unidos. Diz a lenda que passar a mão nos chifres traz sorte, mas a superstição parece estar, aos poucos, falhando. Em abril de 2015, Jamie Dimon, o chefão do gigante financeiro JPMorgan Chase, escreveu, em sua tradicional carta aos acionistas, na seção things to think and worry about (coisas para pensar e se preocupar), que o Vale do Silício está chegando!. O anúncio, feito em tom de alarme, significa que o poder está mudando rapidamente de mãos. O receio do que essas mudanças podem acarretar é enorme até em grandes organizações.
Por isso, quando se trata de economia, algumas perguntas sobre o futuro são difíceis de responder: afinal, é preferível empreender ou aumentar a empregabilidade? Quais serão as competências necessárias nos próximos anos? Como será o mercado de trabalho? É difícil encontrar uma resposta certa quando o futuro é incerto. Já dizia o futurólogo Peter Ellyard, em seu livro Destination 2030: nós não podemos criar um futuro que inicialmente não imaginamos. No incrível livro chamado O fim do poder, o escritor e colunista venezuelano Moisés Naím diz que vivemos três revoluções. A primeira é a Revolução do Mais. Nunca houve tantas pessoas vivendo em cidades, tantos jovens, tantos anos de expectativa de vida. A sociedade vive em constante fartura de opções, pessoas e possibilidades.
A cada dia, mais pessoas cruzam fronteiras – reais e digitais – e, com isso, absolutamente tudo se move. Não apenas pessoas, mas dinheiro, costumes, conhecimentos – e até mesmo crenças. É o que Naím chama de Revolução da Mobilidade. E a soma das duas primeiras revoluções conduz à Revolução da Mentalidade. Nela, as antigas estruturas de poder já não dão mais as cartas. Ou seja, todos os aspectos da experiência humana foram impactados pelas inovações das últimas duas décadas. Parece utopia falarmos disso tudo ao mesmo tempo em que acompanhamos o triste noticiário. A crise política e econômica que vivemos é aguda; uma verdadeira névoa que esconde tudo à frente. O que faz as pessoas se sentirem perdidas não são os problemas atuais, mas a falta de esperança. Mas se tivermos uma boa percepção das oportunidades e riscos que enfrentamos em nossas vidas e carreiras, poderemos criar um futuro brilhante.
A crise acabará. E, no mundo líquido onde vivemos, olhar para frente e nos preparar para um cenário de grandes rupturas e mudanças, fará a diferença. É tempo de imprevisibilidade, mas nunca foi tão importante pensar sobre o futuro e se preparar para ele.

Leandro Henrique de Souza é empreendedor e educador. É coordenador-geral da Pós-Graduação da Universidade Positivo