DASSLER MARQUES
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Nada de permitir que contratos se arrastem até os últimos meses. Nada de contratar jogadores com baixos percentuais.
Na reformulação do elenco para a atual temporada, o Corinthians mostra ter aprendido lições com o desmanche que levou embora meio time campeão brasileiro de 2015. Entre reforços adquiridos e renovações de contrato, o clube tem maior autonomia que anteriormente.
É o caso, por exemplo, de Marquinhos Gabriel. Por R$ 10,5 milhões, o Corinthians adquiriu 70% dos direitos econômicos e assinou um contrato válido por quatro temporadas. A porcentagem restante ficará nas mãos do Al Nassr-ARA. O clube também é majoritário nos contratos de todas as outras principais aquisições: Giovanni Augusto (60%), Balbuena (100%), Guilherme (100%) e André (80%). No caso de Marlone, foram comprados 50% de direitos.
O panorama é bastante diferente em relação a alguns jogadores negociados na virada do ano. Malcom, por exemplo, só tinha 30% de direitos econômicos ligados ao Corinthians, exatamente o percentual recebido pela venda de Jadson. Pela operação que levou Renato Augusto à China, o clube também ficou com 50% do valor total.
Nos casos de Renato Augusto e Jadson, também pesou nas negociações o fato de o Corinthians ter contratos curtos com ambos. Quando perdeu os dois jogadores para a China via pagamento de multa rescisória, a direção corintiana tentava esticar os vínculos. Neste ano, Tite ganhou tranquilidade com renovações como as de Yago, Guilherme Arana, Felipe, Bruno Henrique, Rodriguinho e Lucca.
Em dois casos, em particular, o Corinthians fez investimento elevado para ampliar sua autonomia nos contratos de titulares, uma iniciativa pouco comum até os anos anteriores. O investimento no zagueiro Felipe foi de R$ 13 milhões para saltar de 50 para 100% de direitos econômicos. Já em Bruno Henrique, o clube também passa de 25% para 60% de direitos por valores ainda não revelados. Jovem jogador com maior destaque no grupo em 2016, o volante Maycon é outro exemplo de uma mudança de paradigma nos contratos do clube, que tem 80% dos direitos dele.
O gerente de futebol do Corinthians, Edu Gaspar, diz que clube já planejava esse tipo de mudança. “Estamos brigando há muito tempo e colhendo frutos agora. Não é fácil. Todas as coisas no futebol demandam tempo. As decisões que tomamos em negociações são criteriosas e firmes no que o clube está impondo, de forma educada. O Corinthians propõe o que é justo, cabe ao atleta se adaptar. O Rodriguinho entendeu isso bem. Na época, ele pediu um contrato de tempo diferente e passamos a realidade. Ele entendeu perfeitamente (renovou por um ano) e falou ‘está correto’. No fim do ano, vamos conversar com ele se vai renovar ou não. No final, Lucca também entendeu. Demorou um pouco mais, mas entendeu”, declarou o dirigente.
FIFA
Um dos pontos que influenciaram essa mudança em contratos do Corinthians e outros clubes é o veto da Fifa à divisão de percentuais com investidores. Nas gestões de Andrés Sanchez e Mário Gobbi, se acostumou a ceder porcentagens em acordos, empréstimos e aquisições de atletas. Hoje, apenas clubes podem ser donos de jogadores.
O maior exemplo desse procedimento ocorreu com o meia Matheus Pereira, 18 anos e que está com a venda encaminhada à Juventus-ITA, mas só tem 5% ligados ao Corinthians.