LUCIANA DYNIEWICZ
BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – O presidente da Argentina, Mauricio Macri, reconheceu nesta segunda-feira (2) que as mudanças econômicas implementadas por seu governo dificultaram a vida de parte da população.
Macri, no entanto, voltou a responsabilizar sua antecessora, Cristina Kirchner, pela necessidade de fazer os ajustes e pela situação econômica atual do país, que inclui uma inflação de 12% no primeiro trimestre do ano e uma projeção de queda de 1% no PIB em 2016.
“Com uma uma inflação acumulado de 700%, que é a que herdamos [de Cristina], com um país que não gerava emprego de qualidade há cinco anos, com uma economia à beira do colapso, tinha muita gente que vinha passando por dificuldades. A organização de muitas coisas fez com que esses problemas complicassem ainda mais a vida das pessoas”, disse o presidente.
Em grande parte de seus discursos, Macri cita a “herança” kirchnerista para justificar os entraves do governo. A população tem aceitado a explicação, mas dá sinais de que está cansada de esperar pelo crescimento econômico.
Na semana passada, milhares de trabalhadores foram às ruas para reclamar da inflação e de uma onda de demissões, que, segundo as centrais sindicais, atingiu cerca de 100 mil pessoas em quase cinco meses.
O ministro da Fazenda, Alfonso Prat-Gay, porém, afirmou nesta segunda que houve uma alta na taxa de emprego e nos salários nos últimos 12 meses. Ele se baseou em dados da Receita Federal que indicam 60 mil novos postos de trabalho entre abril de 2015 e abril deste ano.
Prat-Gay também recorre com frequência à “herança” de Cristina para explicar os problemas da economia.
Segundo o analista político Jorge Giacobbe, o governo tem se beneficiado das comparações com a gestão anterior. “Isso pode acabar quando a população começar a se esquecer da administração kirchnerista.”