DASSLER MARQUES
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Marquinhos Gabriel deve fazer sua estreia com a camisa corintiana diante do Nacional-URU nesta quarta-feira (4). Mas, se não fosse pelas insistências de Ivanir Rodighero e outros dirigentes e funcionários do Esporte Clube Passo Fundo, é possível que essa história tivesse ficado pelo caminho. Apaixonado por Bruna, sua então namorada, Marquinhos quis largar tudo.
“Eu ajeitei tudo com os pais dela”, explica Rodighero, então presidente do Passo Fundo, clube em que a carreira de Marquinhos começou a decolar.
Oriundo da cidade de Selbach, no interior gaúcho, ele foi descoberto pelo Passo Fundo em um torneio interno organizado em 2007. Times de várias cidades do estado participaram da competição que teve Marquinhos como principal destaque. A incorporação dele foi combinada, mas quando Major Ribeiro, então diretor do clube, chegou à casa do jovem, ele quis desistir.
Um dos motivos apontados na época era um trauma adquirido em viagem para um teste em Osório, cidade gaúcha. Ao passar por Porto Alegre, Marquinhos Gabriel, ainda adolescente, foi assaltado na rodoviária da capital. “Tomaram todo o material dele. Quando fomos buscar em casa, falamos ‘para com isso, nós estamos te protegendo’. Alguns empresários diziam ‘eu te levo’, mas largavam o garoto”, explica Rodighero.
Convencido a jogar pelo Passo Fundo, onde foi morar de vez, Marquinhos já tinha 17 anos e vivia o primeiro amor da vida. Foi por causa dele, explica o então presidente, que a diretoria precisou se unir para contornar. Diversas vezes o garoto quis deixar a cidade para ir atrás de Bruna, a namorada.
“Os pais dela não queriam que eles namorassem. Sabem como são os alemães, né, e ele era de família brasileira. Eu disse a eles que não adiantava querer trancar. Ela vinha na minha casa e me dizia ‘vou junto com ele, vou fugir com ele’. Eu disse aos pais, é melhor ficar junto que fazer bobagens”.
Marquinhos Gabriel também escapou da concentração para ir à boate
Em outra situação, recorda o ex-presidente, Marquinhos Gabriel aprontou. “Os jogadores deixavam o rádio ligado, a televisão ligada, e saíam da concentração. Faziam de conta que estavam lá. Mas não tinha ninguém e peguei ele. Os jogadores mais velhos levavam, ele estava em uma boate, um bordel”, lembra o ‘padrinho’ de Marquinhos.
Amigo do jogador até os dias atuais, Ivanir Rodighero se lembra de uma conversa que teve com o jogador, ainda garoto. “Ele me disse, ‘um dia quero ter uma caminhonete igual a sua’. Eu disse ‘Marquinhos, só levar a sério que você compra'”, conta o dirigente.
Aos 17 anos, Marquinhos Gabriel seria um dos goleadores do Campeonato Gaúcho Juvenil de 2007 e na sequência acabaria no Internacional. Foi quando ganhou destaque no Campeonato Brasileiro Sub-20, na Copa São Paulo e estreou nos profissionais, dois anos depois, justamente pelas mãos de Tite. Ele passou por Avaí, Sport, Bahia, Palmeiras, Santos e Al Nassr-ARA e chega ao Corinthians em momento crucial pela Copa Libertadores, recomendado pelo mesmo treinador.
Mas e a paixão por Bruna? “Quando ele foi para Porto Alegre, comprou apartamento e largou dela”, recorda Rodighero. A caminhonete foi comprada por Marquinhos quando se profissionalizou no Internacional.