Mesmo que a semana seja de Atletiba, acho justíssimo falar um pouco mais sobre a grande surpresa do Campeonato Paranaense. Não pensem os senhores que o PSTC é o único merecedor desse título. O Paraná Clube tem igual direito a ele, afinal quem, além do torcedor apaixonado, poderia imaginar que o Tricolor faria um papel tão bom assim no Estadual?
Vamos lavar a cara. O histórico recente do Tricolor não dava garantia nenhuma ao torcedor de que ao final da primeira fase ele terminaria na liderança. Desde 2007 o time não conseguia desempenho tão bom assim. O histórico não nos dava essa certeza, mas as perspectivas eram mais otimistas.

Gestão administrativa
A 1ª decisão acertada do Paraná foi iniciar em 2015 uma reestruturação administrativa. Embora ainda carregue consigo alguns (muitos?) vícios na condução de seu departamento de futebol, o presidente Leonardo Oliveira tomou a frente de várias negociações e medidas para tentar resgatar a credibilidade do Paraná como instituição. 
Reconhecido como mau pagador, o clube fez de tudo para se livrar desse rótulo graças ao apoio do benfeitor Carlos Werner e do talento de negociador de Oliveira e seus pares. Ainda está longe do ideal, mas o Paraná inverteu uma tendência de queda nos índices de confiança e deixou o caminho aberto para voltar a ter o prestígio de outrora. 
Hoje o Paraná é elogiado até por representantes de ex-jogadores e ex-funcionários que processam o clube, tamanho o empenho que demonstra na resolução desses problemas, mesmo que ainda esbarre em fantasmas e problemas do passado.

Gestão de pessoas
O Paraná apostou no técnico Claudinei Oliveira, um dos melhores que comandaram o time nos últimos anos. Um profissional jovem, que fala a língua dos boleiros, mas não se apega a isso como uma muleta. Tem muito treinador boleirão que não entende patavinas do riscado. O Claudinei não, e seus times mostram isso a cada novo trabalho.
O discurso de início da temporada era claro em relação ao foco no acesso para a Série A, deixando o Paranaense como um plus. Bom se viesse, normal se não acontecesse. Durante o Estadual o time foi montado e moldado para deslanchar mesmo na Série B. A sinergia aconteceu, o time encaixou e o Paraná chegou à semifinal com plenas condições de decidir o Estadual. Por incompetência caiu diante do Atlético. 
Após resgatar a confiança da torcida e provar sua própria capacidade, o time começará a Série B num ambiente que há muito não se via por aqui.
A diretoria pretende trazer seis jogadores para qualificar o grupo. Hoje o Paraná tem um bom time, mas não um grupo forte, apesar dos bons talentos que treinam no CT Racco. A chegada de novos jogadores, espero que com o aval do treinador, pode elevar a qualidade do grupo, deixando-o em condições de realmente brigar pelo acesso.

Cambará
O ex-volante paranista vai embolsar aproximadamente R$ 300 mil de uma ação que moveu contra o Paraná. A audiência de instrução aconteceu na última terça-feira (26) na Justiça do Trabalho e a sentença deve sair nas próximas semanas.
Quase que semanalmente o departamento jurídico do clube precisa bater cartão na Justiça do Trabalho para enfrentar as reclamatórias de ex-jogadores e funcionários. São dezenas de pequenas ações, com valores proporcionalmente menores àqueles pedidos nas ações movidas contra Atlético e Coritiba, mas que se somadas representam um montante considerável, que impacta diretamente na saúde financeira do clube.

Eduardo Luiz Klisiewicz é curitibano, jornalista, radialista e empresário.