RICARDO GALLO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Havia bagunça, sujeira e depredação na sede administrativa do Centro Paula Souza depois da desocupação por estudantes secundaristas, na manhã desta sexta-feira (6).
A reportagem esteve no prédio, na região central de São Paulo, poucas horas após a reintegração pela Polícia Militar. Os estudantes ficaram oito dias no local.
Encontrou, por exemplo, fios no teto onde deveriam estar 16 câmeras de vigilância. Os equipamentos ou foram arrancados ou virados em direção à parede, de modo a não registrar o movimento.
O sistema do Paula Souza indica que as câmeras foram desligadas por volta das 2h30 de domingo (1º), quando apenas estudantes estavam no prédio, disse Ruben Pimenta, diretor de tecnologia da informação e comunicações.
Até as 15h de sexta, ele havia dado falta, apenas naquele setor, de 12 computadores, três cartões de memória, seis HDs externos, um fone de ouvido com microfone, uma caixa de ferramentas e um lote com 20 caixas de teclados e mouses. A contagem ainda não acabou: será concluída na segunda-feira (9) – por isso ainda não há totalização do prejuízo financeiro.
“Mas cada notebook custa R$ 4.000. Só nos 12 computadores são quase R$ 50 mil”, diz Pimenta.
Antes da reintegração, na manhã de sexta, quatro adultos e um adolescente foram detidos com caixas com HDs e notebooks do Paula Souza. Os adultos responderão por furto qualificado, associação criminosa e corrupção de menor. Já o adolescente cometeu ato infracional.
“São meliantes que fizeram isso. Não tem outro nome”, disse Pimenta.
Em um dos andares, ao menos três computadores foram abertos e estavam sem pentes de memória.
DEPREDAÇÃO
A reportagem contou ao menos dez portas de madeira arrombadas. Uma outra porta, essa mais pesada, corta-fogo, estava torta, provavelmente resultado de chutes – a partir dela, foi possível ter acesso aos andares administrativos do Paula Souza.
Sobre algumas mesas havia tênis e restos de comida. Em um dos banheiros, café jogado no chão e sabonetes espalhados. Armários guarda-roupa foram abertos.
O chão estava branco com pó de extintores de incêndio. Havia cerca de 40 extintores vazios no subsolo.
Depois da desocupação, parte dos 900 funcionários voltou ao trabalho. Equipes de limpeza retiraram cerca de 20 sacos de lixo.
Cobertores, uma bandeira, um bumbo, papel higiênico e roupas, todos dos estudantes, foram deixados no local.
Em nota do governo do Estado, a diretora-superintendente do Paula Souza, Laura Laganá, se disse “indignada. “O prédio está muito destruído e muitos equipamentos foram furtados. É uma pena uma instituição que só faz o bem à juventude de São Paulo sofrer um ataque cruel como esse”.
A reportagem não conseguiu contato com representantes dos estudantes. O grupo, que não tem porta-vozes, foi procurado por meio da página “O Mal Educado”, mas não houve resposta.
A Polícia Militar informou que as ações de vandalismo foram constatadas depois da desocupação e que filmou toda a operação de reintegração de posse no local.
O prédio da entidade responsável pelas Etecs (escolas técnicas do Estado) estava ocupado desde o último dia 28 por estudantes que reivindicam o fornecimento de merenda. O Centro Paula Souza afirma que todas as Etecs passaram a contar com alimentação – antes, 10% delas não tinham.