Felicidade e motivação profissional são palavras que nem sempre estão ligadas ao salário ou a uma mudança de emprego. Muitas pessoas se tornam infelizes em suas áreas e nem sequer sabem o motivo que as leva a isso. Por isso, é importante entender como manter um equilíbrio saudável entre a vida pessoal e profissional.

Para o especialista em comportamento humano e presidente da Sociedade Latino Americana de Coaching (SLAC), Sulivan França, é preciso investir diariamente em atitudes que propiciem um sentimento maior de felicidade. Ao abrir mão da sua qualidade de vida você deixa de investir satisfação em seu próprio futuro profissional. É importante não desanimar e procurar alternativas e soluções para evitar as frustrações do dia a dia, explica.

Algumas atitudes importantes para estimular a própria felicidade não estão necessariamente ligadas à postura adotada no trabalho. Diversos hábitos devem ser iniciados bem antes do horário comercial. É importante planejar o próprio dia, dedicar espaços na agenda para lidar com imprevistos, praticar exercícios físicos e manter uma boa qualidade de sono durante a noite.

Já no ambiente de trabalho algumas atitudes podem auxiliar o relaxamento da mente e manter o colaborador disposto. É importante descansar e se desligar das atividades no período de almoço, realizar breves pausas ao longo do dia, estar aberto a ouvir críticas e opiniões opostas e ser tolerante com as diferença de seus colegas de equipe, diz o especialista.

Sulivan alerta ainda que sentir-se bem no próprio ambiente de trabalho e acha-lo coerente com seus objetivos são duas coisas fundamentais. As atitudes tomadas no presente serão essenciais para a construção de seu futuro. Por isso, é preciso investir o próprio tempo em um trabalho que seja coerente com seus planos pessoais e profissionais. Em caso de desânimo ou de direções opostas, é melhor se desligar da empresa. O profissional precisa estar ciente que sem motivação e força de vontade nada vai para frente, finaliza.

Insatisfação gera doenças

Uma das manifestações mais conhecidas, fruto da infelicidade e esgotamento profissional, é conhecido tecnicamente como a Síndrome de Burnout.
Burnout (esgotamento profissional) é definido como uma síndrome psicológica decorrente da tensão emocional crônica no trabalho.

Trata-se de uma experiência subjetiva interna que gera sentimentos e atitudes negativas no relacionamento do indivíduo com o seu trabalho (insatisfação, desgaste, perda do comprometimento), minando o seu desempenho profissional e trazendo consequências indesejáveis para a organização (absenteísmo, abandono do emprego, baixa produtividade). O Burnout é caracterizado pelas dimensões: exaustão emocional, despersonalização e diminuição da realização pessoal.

Burnout geralmente ocorre em profissionais que lidam com pressão emocional constante em seu dia-a-dia, e mantém contato direto com pessoas em situações estressantes, por longo período de tempo.

Esses profissionais se deparam com eventos estressores no ambiente de trabalho, além do intenso e contínuo contato interpessoal. O trabalho dos profissionais de saúde baseia-se na articulação das dimensões: técnica, ética e política, bem como na compreensão e manejo em lidar com a vida e com a morte.


Trabalho, produtividade e bem estar

– A partir de informações provenientes da Organização Mundial da Saúde – OMS estima-se que até 2020 a depressão será a segunda maior causa de aposentadorias por invalidez.
– Atualmente, a depressão é o quarto maior problema de saúde pública do mundo;
– No Brasil, 72% dos trabalhadores não estão totalmente engajados com o seu emprego;
– Trabalhadores engajados faltam 47% menos e produzem 46% mais que os não comprometidos;
– No Brasil tem aumentado cada vez mais a carga de trabalho das pessoas nas organizações;
– Somente 13% das mulheres e 12% dos homens no Brasil conseguem manter um total equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.


Os 12 estágios de Burnout

– Necessidade de se afirmar – provar ser capaz de tudo, sempre;
– Dedicação intensificada – com predominância da necessidade de se fazer tudo sozinho;
– Descaso com as necessidades pessoais – comer, dormir, sair com os amigos começam a perder o sentido;
– Recalque de conflitos – o portador percebe que algo não vai bem, mas não enfrenta o problema. É quando ocorrem as manifestações físicas;
– Reinterpretação dos valores – isolamento, fuga dos conflitos. O que antes tinha valor sofre desvalorização: lazer, casa, amigos, e a única medida da auto-estima é o trabalho;
– Negação de problemas – nessa fase os outros são completamente desvalorizados e tidos como incapazes. Os contatos sociais são repelidos, cinismo e agressão são os sinais mais evidentes;
– Recolhimento – aversão a grupos, reuniões – comportamento anti-social.
– Mudanças evidentes de comportamento – perda do humor, não aceitação de comentários, que antes eram tidos como naturais.
– Despersonalização – ninguém parece ter valor, nem mesmo a pessoa afetada. A vida se restringe a atos mecânicos e distância do contato social – prefere e-mails e mensagens.
– Vazio interior – sensação de desgaste, tudo é difícil e complicado;
– Depressão – marcas de indiferença, desesperança, exaustão. A vida perde o sentido;
– Síndrome do esgotamento profissional – que corresponde ao colapso físico e mental. Esse estágio é considerado de emergência, e a ajuda médica e psicológica são urgentes.