O termo está na moda. Sobre a tomada de poder na República e as primeiras consequências e esperados arrependimentos, conversamos em outro foro; aqui, a ponte para o futuro atende pelo nome de Arena da Baixada. A prometida terra sagrada atleticana, estádio erguido e reerguido inúmeras vezes e que agora parece ter se inserido de vez na rota de eventos nacionais após o bem-sucedido UFC para 45 mil pessoas. Curitiba comemorou 80% de hotéis cheios, números prometidos desde a Copa; já teve Rod Stewart e terá Andrea Boccelli (fico no aguardo do AC/DC, por favor); e agora, fala-se em NBA. O papo veio do vice-presidente da liga americana de basquete no Brasil, Arnon de Mello.

É a partir desse giro de eventos que o estádio realmente poderá ser rentável ao clube. E que o clube pode se tornar competitivo nacionalmente, contratando a contento de suas pretensões de grandeza. Já se decidiu pela formação como mola do projeto principal do sucesso do futebol, o que é louvável, mas não o suficiente. Que o diga o meia Marcos Guilherme, sobrecarregado com a camisa 10 e que poderia aprender e render muito mais se o Atlético investisse alguns desses milhões que começou a fazer com a Arena em um meia tarimbado, como Diego ex-Santos ou Alex, no Inter. Um aprende e tem tranquilidade pra aprimorar seu talento, o outro carrega o piano e leva as pancadas que o tempo o ensinou a suportar.

Olhando para o passado
Fiquei ao telefone por mais de uma hora com Amir Somoggi, especialista em gestão e marketing esportivo que prestou serviço para o Coritiba no começo da gestão Bacellar. O Atlético tem um canhão nas mãos, é inegável; e o Coxa, como pode competir? Somoggi e eu navegamos pela história alviverde e nos deparamos com um grande patrimônio: a quantidade de ídolos, o suficiente para exercer ações promocionais por muito tempo. Fico com Kruger e Rafael Cammarota para cometer uma inconfidência. Em uma das ações propostas, conselhereiros vetaram o goleiro campeão brasileiro por diferenças pessoais. Não pode. Cada um tem que competir com suas armas. O Atlético se apresenta forte, com patrimônio e liderança de vanguarda em vários segmentos (falta ainda investir no futebol, uma promessa agora com estrutura concluída); o Paraná se encontrou como alternativa de lazer barato, futebol-verdade, um diálogo franco e moderno em redes sociais. E o Coritiba? Precisa se posicionar, talvez colocando a frente sua tradição como moeda forte. Não só isso: tem uma torcida muito participativa, mais que a dos rivais locais. Mas não tira o máximo dela.

Lutando pelo presente
A Adidas escolheu voltar ao Coxa exatamente por isso. O torcedor coxa-branca é um voraz consumidor. Antes, a Nike via Netshoes explorou esse mercado. Entretanto, coxas e atleticanos seguem com o velho problema de ultrapassar a Região Metropolitana. O Furacão tem mais aceitação no interior, sai na frente nesse quesito, mas o atleticano consome menos do que se espera. No Alto da Glória, nova mudança de estratégia: o clube se junta a Ambev no plano Futebol Melhor. Tenta expandir seu público com novo plano de benefícios, mesmo quem não frequente estádios. Petraglia disse recentemente que cerca de 80 mil pessoas já se associaram ao Atlético alguma vez, mas a média não supera 20 mil. Se o Ibope aponta como maior torcida, talvez seja momento de rever o plano na Baixada. Não adianta encher o estádio só em UFC se o clube é de futebol. A criação de pacotes de ingressos, com preços intermediários para levar mais gente ao estádio, é fundamental. Gente que não quer se comprometer todo final de semana, mas ocuparia algum dos demais 25 mil lugares da Arena se a entrada fosse mais barata em alguns jogos. Não se exige fidelidade; se conquista.

Napoleão de Almeida é narrador esportivo e jornalista especializado em gestão