SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma juíza do Estado americano da Pensilvânia decidiu nesta terça-feira (23) levar a julgamento o ator Bill Cosby por abuso sexual, após considerar que existem elementos suficientes apresentados pela promotoria. A juíza Elizabeth McHugh tomou a decisão durante uma audiência preliminar em um tribunal do condado de Montgomery, na qual Cosby estava presente. Denunciado por dezenas de mulheres, o comediante de 78 anos foi indiciado em 30 de dezembro por agressão sexual com agravante, devido a fatos que remontam ao começo de 2004 e que teriam afetado Andrea Constand, uma ex-funcionária da universidade de Temple, na Pensilvânia. Após ser denunciado pela jovem em uma instância civil poucos meses após os fatos, Cosby teria aceitado dar seu testemunho antes de fazer um acordo financeiro com Andrea em 2005. O promotor Kevin Steele se apoiou nos trechos desta antiga audiência verbal para acusar o ator, que pode pegar 10 anos de prisão e multa de US$ 25 mil se condenado. “Estamos aqui porque queremos a verdade. Estamos aqui para fazer justiça”, afirmou Steele a repórteres no fim da audiência desta terça, que durou cerca de três horas. Diante da juíza, um advogado de Cosby, Brian McMonagle, lamentou que a acusação se baseie no documento de 2005, em vez de um depoimento direto de Andrea. Katherine Hart, uma detetive do gabinete do promotor, foi chamada como testemunha por Steele. Ela leu passagens da denúncia em que a suposta vítima conta ter tomado uma pílula e bebido vinho, a pedido de Cosby, antes de ser estuprada. McMonagle, por sua vez, alega que vários acontecimentos foram modificados por Andrea. Ele diz, por exemplo, que, após os fatos alegados, ela voltou à casa de Cosby para um jantar. Os advogados afirmam ainda que a promotoria violou o compromisso assumido no final de 2005 de não processar o ator se ele concordasse em testemunhar. O comediante, que já foi uma das figuras mais populares da televisão dos EUA, sempre negou as acusações. Muitas das denúncias feitas contra ele não puderam ser levadas à Justiça por terem prescrito. O caso aceito ocorreu dentro do limite de 12 anos previsto pela lei do país.