MARINA ESTARQUE SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Gabriel Gragnani, 20, acordou, pôs a roupa e desistiu. Estava muito frio. “Voltei para a cama e joguei o edredom por cima, para me esquentar. Só que acabei dormindo de novo”, conta o estudante. Ele despertou pouco tempo depois, com uma bronca da mãe, já estava atrasado para as aulas da faculdade. Assim como Gragnani, muitos paulistanos tiveram que fazer um esforço adicional para sair da cama nesta terça (24), quando a temperatura mínima atingiu 9,5°C, batendo o recorde do ano, de acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). A estudante Fátima Youssef, 20, também chegou tarde para a aula da faculdade de Direito, marcada para as 7h30. “Desliguei o alarme, sei lá como, e dormi. Acordei uma hora depois”, lamenta. Já a doméstica Carticilene Rodrigues, 41, não se atrasou para o trabalho. Ela saiu de Pirituba, às 7h. Mas, mesmo com três camadas de roupa, casaco de lã e cachecol, passou frio à espera do ônibus. “Nunca me acostumei com essas temperaturas”, diz a nordestina, que chegou a SP há 17 anos. “Dá muita preguiça, frio só é bom para dormir.” A madrugada de terça foi a mais gelada do ano na cidade de São Paulo. Até então, o recorde havia sido registrado no dia 2 de maio (10°C), segundo o Inmet. A previsão para a madrugada desta quarta-feira é de 10°C, de acordo com o meteorologista Franco Vilela, do instituto. A tendência é que as temperaturas mínimas aumentem ligeiramente nos próximos dias. O recorde desta terça, considerando a série dos meses de maio do Inmet, é a menor temperatura registrada desde 31 de maio de 2007. Em relação a dias corridos, é a temperatura mais baixa desde 27 de setembro de 2013. O frio, um pouco mais suave, deve continuar até o feriado de Corpus Christi, nesta quinta (26), que deve ter também períodos de chuva na Grande São Paulo e em outras regiões do Estado. Michael Pantera, meteorologista do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências do município), afirma que a queda da temperatura se deve à entrada de uma massa de ar de origem polar que chegou ao Estado na segunda (23). COMEMORAÇÃO Muitos paulistanos comemoraram a chegada da frente fria. A estudante Flávia Moraes, 27, acredita que tem mais energia para trabalhar e sair de casa quando as temperaturas baixam. Para a funcionária pública Vera Liz Pinto, 56, o frio permite usar roupas mais elegantes. “Eu gosto, acho que dá um tchã no visual das pessoas.” Menina é um exemplo disso. A cadela, de 6 anos, passeava pela Paulista com um vestidinho rosa, estampado de patinhas e flores de crochê. “Se não usar roupa, ela fica soluçando, por causa do frio”, afirma seu dono, o aposentado Oldemar de Oliveira, 80. “A Menina tem quatro vestidos de inverno”, conta.