MARIANA HAUBERT E DÉBORA ÁLVARES
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Senadores aliados à presidente afastada Dilma Rousseff protocolaram nesta terça-feira (24) uma representação na PGR (Procuradoria-Geral da República) para pedir uma investigação contra o senador Romero Jucá (PMDB-RR).
Segundo os parlamentares, eles querem saber até onde o peemedebista atuou para interferir nas investigações da Operação Lava Jato e para a aprovação do afastamento temporário de Dilma.
Jucá foi exonerado nesta terça do cargo de ministro do Planejamento do governo interino de Michel Temer depois que uma gravação de uma conversa sua com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado revelou que ele sugeriu um pacto para deter o avanço das investigações da Lava Jato. Ambos são investigados pela operação.
Os senadores também pedem que Jucá seja impedido de retornar ao cargo de ministro e que seja impedido de frequentar lugares, ter contato com pessoas ou usar sua função de parlamentar para criar obstáculos ao andamento da Lava Jato.
Jucá também recorreu à PGR para que ela se manifeste sobre a legalidade da conversa que teve com Machado. De acordo com o peemedebista, ele não cometeu nenhum crime e não falou nada de irregular. Jucá quer que o Ministério Público chancele um eventual retorno seu ao ministério de Temer, mas aliados do senador dizem que uma volta é algo muito difícil neste momento.
O documento foi assinado por 14 senadores do PT, PC do B, PDT e PPS. “Não bastasse a gravidade em si de se ter um senador da República a operar, francamente, no sentido de lograr a obstrução da Justiça, ou, quiçá, a praticar tráfico de influência em face do que, potencialmente, poderia ser dito às autoridades pelo senhor Sérgio Machado”, diz o texto.
O texto diz ainda que Jucá usou uma “legislatura beligerante” para “fazer passar um voto de desconfiança” contra a presidenta Dilma, embora o sistema político brasileiro não seja parlamentarista.