RONALD LINCOLN JR. RIO DE JANEIRO, RJ – A Polícia Civil no Rio ainda não chegou à conclusão de que houve o estupro de uma garota de 16 anos mesmo após a vítima e outros três envolvidos no caso prestarem depoimento nesta sexta-feira, na Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI). “A gente está investigando se houve consentimento dela, se ela estava dopada e se realmente os fatos aconteceram. A polícia não pode ser leviana de comprar a ideia de estupro coletivo quando na verdade a gente não sabe ainda”, disse Alessandro Thiers, delegado titular da DRCI.

Foram ouvidos, nesta sexta (27), Raí Souza, 18, que segundo o delegado seria o dono do celular no qual foi feita a gravação da vítima nua, o jogador Lucas Perdomo, 20, apontado como namorado da vítima, e uma jovem que estaria com os três na noite do fato. Outras três pessoas, que seriam peças-chave do ocorrido, foram identificadas e serão chamadas para depor na próxima semana. Raí admitiu ter tido relações sexuais com a menina, mas negou o estupro. Ele afirmou também que estava no local no momento da gravação, que teria sido feita por um traficante da área, conforme explicou o delegado.

NECESSIDADE Apontado como namorado da vítima, Lucas Perdomo disse que estava com outra menina, na mesma casa, na noite em que os fatos ocorreram e também negou que tenha acontecido um estupro. “A polícia só vai pedir algum tipo de prisão se for comprovada a existência do crime e se houver necessidade”, afirmou o delegado. Embora considere que ainda não é possível provar que houve estupro, o delegado afirma que ocorreu o crime de exposição de cena pornográfica da adolescente, cuja a pena vai de 3 a 6 anos de prisão, previsto no Estatuto da Criança e Adolescente (ECA). “O fato de a pessoa ter divulgado configura [o artigo] 241 do ECA [publicar ou divulgar cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo crianças ou adolescentes], já está comprovado.” Ele, porém, afirma que não é possível saber quem foi o autor da distribuição do vídeo. Raí Souza, que seria o dono do celular, afirmou em depoimento que não foi ele quem gravou e publicou o vídeo nas redes sociais. Segundo o delegado, os depoentes classificaram o local como um “abatedouro”. “Estivemos na casa. O local é conhecido como abatedouro. Seria um local para onde levariam meninas para ter relações sexuais.”