SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A maioria dos norte-americanos acompanha a corrida eleitoral que vai definir o próximo presidente do país com sentimento misto de frustração e interesse. Segundo uma pesquisa de opinião realizada pelo Centro AP-NORC, ligado à Universidade de Chicago, e divulgada pela agência de notícias Associated Press, poucos no país têm confiança no sistema político nos Estados Unidos, no governo e nos partidos políticos. Segundo especialistas, este sentimento negativo pode afetar o nível de participação eleitoral, o que torna o resultado da disputa presidencial imprevisível. O estudo indica que sete em cada dez norte-americanos se sentem “frustrados” em relação à provável disputa entre o republicano Donald Trump e a democrata Hillary Clinton. A perspectiva de escolher o próximo presidente do país gera “interesse” em 67% da população, mas também sensações negativas de “desamparo” (55%), “raiva” (52%), e “tédio” (31%). Apenas 37% dos entrevistados se dizem “esperançosos” em relação à eleição, e 13% têm orgulho da disputa eleitoral. O estudo revelou ainda que apenas 10% dos americanos têm um alto grau de confiança no sistema político do país, enquanto 38% indicam não ter quase nenhuma confiança. O desânimo está presente em todos os espectros da política do país. Tanto republicanos quanto democratas se dizem sem muita esperança no processo eleitoral. IMPREVISIBILIDADE Para pesquisadores, o sentimento negativo dos eleitores em relação à eleição torna o resultado da disputa altamente imprevisível. Em um país onde a população não é obrigada a votar, a frustração política pode afetar o nível de participação dos eleitores, e determinar o resultado da votação. “Estamos em território desconhecido com estes dois candidatos”, disse o cientista político Michael McDonald, da Universidade da Flórida, a respeito do magnata que representa os republicanos e a ex-primeira-dama e ex-secretária de Estado que deve ser candidata democrata. O sentimento negativo também gera um tipo de votação diferente, no qual muitas pessoas são levadas a participar não por ter preferência por um candidato, mas por querer votar contra um dos dois na disputa. A pesquisa ouviu 1.060 adultos entre os dias 12 e 15 de maio. A margem de erro é de 4,1 pontos percentuais. “Se as pessoas têm interesse pela eleição, elas ainda podem aparecer para votar, mesmo que seja contra um dos candidatos”, explicou McDonald.