RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Setenta policiais militares realizam uma operação na manhã deste domingo (29) no complexo de favelas São José Operário, zona oeste do Rio. Na madrugada do dia 21, uma adolescente de 16 anos foi estuprada por um grupo na comunidade.

A operação conta com a ajuda de um helicóptero, dois carros blindados e até cães farejadores. Militares de sete batalhões participam da ação, além de forças especializadas da corporação. Até as 9h30 não havia registro de confrontos.

A Polícia Civil recebeu ao menos um nome de um suposto traficante da favela do Barão que teria participado da gravação do estupro. Outros dois suspeitos prestaram depoimento na última sexta (27) e foram liberados.

Os policiais buscam ainda reprimir o roubo de rua, de veículos e cargas na região.

CASO

A Polícia Civil já pediu a prisão de quatro homens após a abertura de inquérito para identificar 33 suspeitos. A investigação teve início após um vídeo da jovem, nua e desacordada, ser postado em redes sociais na terça (24). Entre os quatro suspeitos identificados estão dois rapazes que divulgaram imagens da menina na internet; os outros dois teriam praticado abusos. O garoto com quem ela se relacionava também teve a prisão pedida. Os suspeitos têm entre 18 e 41 anos.

Na gravação, um grupo de homens, em meio a risadas, toca nas partes íntimas da garota e diz que ela foi violentada por “mais de 30”.

Em 2009, a lei 12.015 foi alterada e passou a considerar, além da conjunção carnal, atos libidinosos como crime de estupro.

A vítima depôs à polícia na madrugada desta quinta (26) e contou que saiu de casa no sábado (21), à 1h, para ir à comunidade da Barão, em Jacarepaguá. Lá, encontraria um garoto de 19 anos com quem estava “ficando” e a quem identificou como “Petão”. Os dois se conheceram no colégio há três anos.

A jovem contou que, ao chegar na Barão, foi para a casa do rapaz, onde ficaram sozinhos. A partir daí, afirmou só se lembrar de ter acordado no dia seguinte, domingo, em outra casa. Segundo seu relato, estava dopada, nua e sendo observada por 33 homens armados de fuzis e pistolas. A polícia suspeita que eles integrem a quadrilha de traficantes de drogas que atua na região.

FAMÍLIA EM CHOQUE

Após o depoimento, a garota foi encaminhada a um hospital público no qual recebeu um coquetel de medicamentos para evitar doenças sexualmente transmissíveis. Também foi examinada no Instituto Médico Legal.

A família da adolescente, que é mãe de um garoto de três anos, soube do crime por meio de um vizinho, que telefonou após ver o vídeo na internet, na quarta (25).

“Chorei quando vi o vídeo. Choramos todos. Me arrependi de ter visto. Quando ouvimos a história, não acreditávamos no que estava acontecendo. É uma situação deprimente”, afirmou a avó materna da adolescente. “Ela não está bem. Está muito confusa. A coisa foi muito séria”, afirmou. “Estamos muito fragilizados. O pai dela sofreu dois AVCs [Acidente Vascular Cerebral] no último ano”, disse a avó.