SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A escalada de tensão entre os conservadores no Reino Unido, a menos de um mês para o referendo sobre a permanência ou não no bloco europeu, levou a ameaças sobre a derrubada do primeiro-ministro David Cameron.
Nadine Dorries, integrante do Parlamento, disse à rede ITV estar pronta para pedir o afastamento de Cameron após a votação do dia 23 -mobilização mais provável caso o Reino Unido vote por deixar a UE (União Europeia) ou fique no bloco com votação apertada.
Cameron é um dos principais defensores de que os britânicos se mantenham na UE.
Outro parlamentar conversador, Andrew Bridgen também deu declarações apontando para um confronto com o premiê.
O jornal “Guardian” afirmou que Bridgen disse à BBC 5 Live que Cameron tem feito argumentações ultrajantes para persuadir os eleitores a votar contra a saída do bloco -apelidada de “Brexit”- e, como consequência, perdeu a maioria parlamentar.
“O partido está completamente rachado, ao meio, e não sei que figura poderia uni-lo em um governo efetivo. Honestamente acho que devemos partir para uma eleição geral antes do Natal e obter um novo mandato do povo”, disse, segundo o jornal britânico.
Segundo o parlamentar, continua o “Guardian”, os descontentes têm o número suficiente de parlamentares para iniciar um “voto de confiança” e que essa votação sobre o futuro do premiê era “bem provável” após o referendo.
Neste domingo (29), outras lideranças políticas questionaram Cameron em carta aberta.
Na mensagem circulada pela campanha “Vote pela Saída” (Vote Leave), o ministro da Justiça, Michael Gove, o ex-prefeito de Londres Boris Johnson (ambos conservadores) e Gisela Stuart, que é membro do Partido Trabalhista de oposição, disseram que havia sido prometido aos eleitores uma redução em dezenas de milhares na imigração.
“Não será possível cumprir essa promessa enquanto o Reino Unido for membro da UE e a incapacidade de mantê-la é corrosiva para a confiança pública na política”, disseram.
Na semana passada, dados divulgados mostraram a manutenção de um patamar elevado no número líquido de imigrantes no Reino Unido -mais 333 mil em 2015, já subtraídos os que deixaram a ilha no ano passado.