Um dos mais cobiçados cargos públicos do País abriu uma disputa acirrada nas bases políticas do presidente interino, Michel Temer (PMDB) e do governador Beto Richa (PSDB). A briga envolve o posto de diretor geral da parte brasileira da Itaipu Binacional, comandada desde 2003 pelo ex-deputado federal Jorge Samek (PT). Nomeado originalmente pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após a ascensão do PT ao poder federal, Samek foi reconduzido ao longo de quatro mandatos, mas com o afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT) e a provável confirmação do impeachment pelo Senado nos próximos eles, terá que deixar a vaga. 

Richa – que apoiou o afastamento de Dilma e vem buscando proximidade com o governo Temer – tenta emplacar o nome do ex-deputado federal e atual presidente da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar) – Abelardo Lupion (DEM). O problema é que a mesma vaga é cobiçada pelo ministro das Comunicações, Gilberto Kassab (PSD), que pretende acomodar o ex-deputado federal e ex-chefe da Casa Civil de Richa, Eduardo Sciarra (PSD). Correndo por fora estaria ainda o ex-senador Osmar Dias (PDT).
Kassab leva a vantagem de estar mais próximo do presidente interino e de ter cumprido um papel central no afastamento de Dilma. Presidente nacional do PSD – que tem a quarta maior bancada na Câmara Federal – o dirigente permitiu que os parlamentares da sigla fossem liberados para votar pela abertura do processo de impeachment mesmo ocupando o cargo de ministro das Cidades do segundo governo Dilma.
O ex-prefeito de São Paulo só deixou o ministério às vésperas da votação na Câmara, e já com a garantia de que assumiria outro posto no novo governo de Temer. Acabou assumindo a Pasta que fundiu Ciência e Tecnologia com Comunicações. Sciarra, por sua vez, preside o PSD do Paraná e deixou a Casa Civil do governo Richa em março, após ter trazido para o partido o deputado estadual licenciado e secretário de Estado do Desenvolvimento Urbano, Ratinho Júnior, como pré-candiseu partido, o PDT, foi um dos poucos que se manteve fiel à petista e contrário ao impeachment até o final.
Outro nome cogitado pelo PMDB seria o do ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná, Rodrigo Rocha Loures, pai do assessor direto de Temer, o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures Filho.
Troca – O DEM de Lupion estaria articulando, porém, trocar a direção da Itaipu pelo comando do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) com os peemedebistas, já que o partido assumiu o Ministério da Educação com a nomeação do deputado federal Mendonça Filho (DEM/PE). Para isso, o partido contaria ainda com o apoio do PSDB de Richa – que apoiou o impeachment e aderiu ao governo Temer desde o início.