MARIANA HAUBERT BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, afirmou nesta segunda-feira (30) que a sabatina do indicado para a presidência do Banco Central, Ilan Goldfajn, só acontecerá nesta quarta (1º) se houver unanimidade entre os integrantes do colegiado pela manutenção da data. Isso porque a regra regimental determina que haja um prazo de cinco dias úteis entre a apresentação do relatório sobre a indicação e a realização da sabatina. A quebra deste interstício depende de um acordo referendado por todos os senadores.

Gleisi marcou previamente a sabatina para esta quarta a pedido do relator do caso na comissão, senador Raimundo Lira (PMDB-PB). Ele já publicou seu parecer favorável à indicação do economista e o texto será discutido pela comissão nesta terça, quando o prazo começará a ser contado. A senadora afirmou que tentará manter a sabatina na quarta mas admitiu que o debate político poderá influenciar em um possível adiamento dela. “Se não tiver unanimidade, a sabatina fica para a próxima terça. Eu como presidente da CAE, vou cumprir o regimento. Atendi um pedido do relator mas é óbvio que eu não decido pela comissão”, disse.

Goldfajn esteve no Senado no início desta noite para conversar com a senadora. Ele está visitando os integrantes do colegiado, praxe entre indicados para cargos do tipo. Ele também foi ao gabinete do senador Hélio José (PMDB-DF). O governo tem pressa para que Goldfajn seja sabatinado e tenha seu nome aprovado pelo Senado antes da próxima terça (7) para que ele possa participar da primeira reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) -responsável por definir a taxa básica de juros (Selic), em junho. De acordo com Gleisi, Goldafjn disse na conversa que quer ter seu nome aprovado o quanto antes. “Mas assim, isso deveria ter sido pensado pelo próprio governo que demorou para mandar a indicação dele aqui para o Senado. Vai ser regimental. Eu não vou atropelar o regimento e nem os senadores”, disse.

Questionada se acreditava em tal unanimidade, Gleisi afirmou que o momento atual é “delicado”. “Já tivemos em outros momentos mas não sei dizer nessa. Talvez aqui seja um pouco mais delicado pelo momento em que estamos vivendo, pelas discussões das questões econômicas”, disse. Ainda segundo a senadora, ela perguntou a Goldfajn sobre a proposta de independência do Banco Central e ele respondeu apenas que a intenção do governo é colocar em lei o que já é feito no banco atualmente.

Aos 50 anos, o economista foi escolhido pelo presidente interino Michel Temer para comandar o Banco Central em sua gestão. À frente da pesquisa econômica do Itaú até então, Goldfajn volta ao BC pela segunda vez. Entre 2000 e 2003 comandou a poderosa diretoria de política econômica do banco. Primeiro com Armínio Fraga como chefe, depois com o mesmo Henrique Meirelles, com quem conviveu por sete meses no período de transição do governo FHC para Lula. Sua especialidade é política monetária, mas os economistas que o conhecem dizem que seus conhecimentos contemplam também a política fiscal, calcanhar de Aquiles da economia neste momento.