SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A comissão de verificação eleitoral do Haiti recomendou nesta segunda-feira (30) a anulação total do primeiro turno do pleito presidencial do país, ocorrido em 25 de outubro, devido às fraudes cometidas no processo eleitoral.
A votação levou o governista Jovenel Moïse e o opositor Jude Célestin ao segundo turno, adiado três vezes devido a uma onda de protestos contra Moïse e seu padrinho político, o presidente Michel Martelly.
A instabilidade fez com que Martelly deixasse o cargo em fevereiro sem um sucessor definido. Em seu lugar, assumiu o presidente do Senado, Jocelerme Privert, que instaurou a comissão para verificar as irregularidades no pleito.
Segundo o presidente da comissão, Pierre François Benoit, houve diversos casos de eleitores fantasmas, pessoas que votaram mais de uma vez e outros indícios que mostram um planejamento de alto nível para mudar os resultados.
Benoit afirma que foram auditados um quarto dos votos e das fichas de votação, que atestaram os crimes eleitorais. “Recomendamos que a eleição seja refeita”, disse, em entrevista no Palácio Nacional.
A decisão final sobre o pleito, no entanto, depende do Conselho Eleitoral Provisório. A instituição teve seus integrantes substituídos no início do ano após seus antecessores serem acusados de corrupção.
O líder do órgão, Leopold Berlanger, disse que divulgará um novo calendário eleitoral até a próxima segunda (6), mas não fez menção à possibilidade de uma nova eleição presidencial no Haiti.
Desde que entrou no governo, Privert declara não ser possível fazer qualquer pleito até que o sistema eleitoral consiga ser confiável. Toda a cerimônia foi cercada por tropas de paz da ONU para evitar protestos violentos.
No entanto, as manifestações ocorreram sem incidentes graves. Nenhum dos candidatos que passaram para o segundo turno se manifestou publicamente sobre a possibilidade de novas eleições.