EULINA OLIVEIRA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O cenário político conturbado mantém a cautela no mercado financeiro nesta terça-feira (31). O dólar sobe, enquanto a Bolsa opera em baixa.
Os juros futuros e o CDS (credit default swap) do país, espécie de seguro contra calote e indicador da percepção de risco, avançam.
Investidores repercutem a saída do ministro da Transparência, Fabiano Silveira. Ele é o segundo ministro a cair em apenas 19 dias de governo Temer por causa de conversas gravadas por Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro e delator da Operação Lava Jato.
Silveira pediu demissão nesta segunda (30) após divulgação de gravação em que conversa com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), seu padrinho político.
No diálogo, revelado pelo “Fantástico”, ele orienta Renan e Machado a atuar nos procedimentos em que são investigados na Lava Jato.
“A queda (de Silveira) e seu motivo sinalizam maior dificuldade de Temer na governabilidade, e o mercado receia riscos para aprovação das medidas do ajuste fiscal”, comenta a equipe de análise do Banco Fator, em relatório.
CÂMBIO E JUROS
O dólar à vista subia há pouco 0,11%, a R$ 3,599, e o dólar comercial avançava 0,58%, a R$ 3,600.
Além do cenário político conturbado, a formação da taxa Ptax do último dia do mês, que serve de referência a vários contratos cambiais e é calculada pelo Banco Central, influenciou os negócios. A taxa ficou em R$ 3,604 para venda.
O BC realiza ainda na tarde desta terça-feira a rolagem de até US$ 4,7 bilhões de uma linha de crédito com compromisso de recompra que vence em junho.
No mercado de juros futuros, o contrato de DI para janeiro de 2017 subia de 13,635% para 13,695%. O contrato de DI para janeiro de 2021 avançava de 12,740% para 12,920%.
O CDS subia 1,81%, para 357,226 pontos.
BOLSA
O Ibovespa perdia há pouco 0,35%, aos 48.790,65 pontos, influenciado também pela queda dos índices em Nova York e pelos ajustes das carteiras de ações na virada do mês.
Apesar da alta do petróleo no mercado internacional, as ações PN da Petrobras perdiam 0,59%, a R$ 8,33, e as ON operavam estáveis, a R$ 10,58.
Os papéis PNA da Vale subiam 1,14%, a R$ 11,50, e os ON avançavam 1,54%, a R$ 14,50.
No setor financeiro, Itaú Unibanco PN perdia 1,17%; Bradesco PN, -1,45%; Banco do Brasil ON, -0,06%; Santander unit, -0,39%; e BM&FBovespa ON, -0,50%.
EXTERIOR
Na Bolsa de Nova York, o Dow Jones perdia 0,35%, o S&P 500, -0,05% e o Nasdaq, +0,20%.
Os gastos do consumidor americano em abril vieram acima do esperado, reforçando as apostas de alta dos juros nos EUA nos próximos meses. Entretanto, o dado de confiança do consumidor para maio ficou abaixo do previsto.
Na Europa, as Bolsas recuaram, pressionadas pelos papéis de bancos. Investidores aguardam a decisão de política monetária do BCE (Banco Central Europeu), nesta quinta-feira (2).
Na China, o índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, e o índice de Xangai avançaram 3,35% e 3,32%, respectivamente. O motivo são as apostas de investidores de que as ações chinesas serão incluídas pela primeira vez no índice MSCI de emergentes. O índice Nikkei da Bolsa de Tóquio subiu 0,98%.