EULINA OLIVEIRA SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os mercados financeiros globais iniciaram o mês de junho de mau humor. Dados apontando atividade industrial fraca tanto na China quanto na zona do euro reacenderam as preocupações em relação a uma possível desaceleração mundial. Os preços das commodities recuam, e a maior parte das Bolsas também. No Brasil, o dólar à vista sobe, mas o dólar comercial tem pequena queda.

O Ibovespa, no entanto, iniciou o pregão em baixa, mas virou e passou a operar em leve alta, sustentado por papéis do setor financeiro. As incertezas em relação ao quadro político permanecem, e a queda do PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre deste ano menor do que a prevista não anima os investidores.

Os juros futuros de longo prazo e o CDS (credit default swap) do país, espécie de seguro contra calote, avançam com o aumento da percepção de risco. Segundo analistas, os quadros político e econômico conturbados, especialmente por causa dos desdobramentos das operações Lava Jato e Zelotes, pode dificultar a aprovação e implementação de medidas para recuperar a economia.

“No cenário doméstico, o clima de instabilidade ainda prevalece, com noticiário da Lava Jato e da Zelotes causando turbulência. Por outro lado, temos a posse de novos presidentes da Petrobras, BNDES e Banco do Brasil com expectativa de meritocracia nestas empresas governamentais e a divulgação do PIB ligeiramente melhor que o esperado”, destaca a equipe de análise da Lerosa Investimentos, em relatório.

 

CÂMBIO E JUROS

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, ganhava há pouco 0,28%, a R$ 3,607. O dólar comercial, utilizado em contratos de comércio exterior, subia, mas inverteu o sinal. Há pouco, caía 0,13%, a R$ 3,609. No mercado de juros futuros, o contrato de DI para janeiro de 2017 operava perto da estabilidade, passando de 13,645% para 13,635%, mas o contrato de DI para janeiro de 2021 subia de 12,850% para 12,910%. O CDS do país avançava 1,38%, aos 367,977 pontos.

 

BOLSA

O Ibovespa, que operava em baixa, passou a subir, acompanhando o movimento dos papéis do setor financeiro. Há pouco, o índice ganhava 0,04%, aos 48.493,20 pontos. As ações de bancos se recuperam da expressiva queda na véspera, influenciadas pelo indiciamento do presidente do Bradesco, Luiz Trabuco, na Operação Zelotes, da Polícia Federal. Somente os papéis PN do Bradesco perderam 5% nesta terça-feira.

Nesta quarta-feira, Bradesco PN ganhava 1,88%; Itaú Unibanco PN, +1,34%; Santander unit, +0,46%. Banco do Brasil ON, porém, perdia 0,30%. Os papéis de Petrobras e Vale caem, acompanhando o movimento do petróleo e do minério de ferro no mercado internacional. Petrobras PN perdia 1,11%, a R$ 7,95, e Petrobras ON, -1,08%, a R$ 10,07. Vale PNA cedia 0,88%, a R$ 11,14, e Vale ON, -0,77%, a R$ 14,11.

 

EXTERIOR

Os dados fracos de atividade industrial da China e da zona do euro em maio derrubam as Bolsas globais. Na China, o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) oficial ficou inalterado em 50,1, pouco acima da marca de 50 que separa crescimento de contração. O PMI do Caixin/Markit caiu a 49,2 no mês passado, abaixo das expectativas de 49,3 e da marca de 49,4 de abril. Já o PMI final de indústria da zona do euro caiu para a mínima de três meses, de 51,5, contra 51,7 em abril. Na Bolsa de Nova York, o índice S&P 500 perdia 0,42%, o Dow Jones, -0,35% e o Nasdaq, -0,14%. Na Europa, a Bolsa de Londres perdia 0,88%; Paris, -0,73%; Frankfurt, -0,72%; Madri, -1,35%; e Milão, -1,32%. Na Ásia, a maior parte das Bolsas também recuou.