Valdir Barbosa caiu no Coritiba, mas Gilson Kleina ficou – ao menos enquanto escrevo esse texto; no futebol, tudo muda em um minuto. Ficou, mas sob alerta. Ele não defende nem faz gols, justificou o presidente Rogério Bacellar. É verdade. Kleina é disparado o menos culpado da fase do Coxa que, convenhamos, não é nenhum desastre. Uma derrota para o líder do Campeonato e outra no último minuto para o Santos, ambas fora de casa, e um empate com um semifinalista da Libertadores no Couto. As críticas a Kleina são por duas origens: o time não joga bem (será?) e as feridas das derrotas para o Atlético foram mal cicatrizadas.

Ao que interessa
Escrevo antes do fim do jogo com a Chape, portanto a essa hora Kleina já pode estar entregando as chaves do vestiário do Coxa. O que será um erro sob qualquer análise: ao condicionar a permanencia do técnico a um resultado, a direção joga com a aleatoriedade. Oras, ela sabe que o elenco tem deficiências e todos sabemos que qualquer técnico precisa de tempo para trabalhar. Será que o tempo de Kleina com esse elenco já foi o suficiente para saber se o técnico serve ou não? Voltemos ao processo seletivo: o Coxa trouxe Gilson Kleina porque confiou em alguém que conhecia a cidade, o clube, dirigiu clubes na Série A – Palmeiras entre eles – e, principalmente, cabia no orçamento. Eis o ponto: com os recursos que tem, Kleina pode até fazer melhor, mas não fará milagre. Vão me lembrar que demitir Ney Franco ano passado deu certo. Pachequinho evitou a queda. Verdade. Mas foi um paliativo. Ou não está se vivendo o mesmo ciclo agora? O problema é de convicção no projeto de sanar o Coritiba, desde a primeira escolha. Sabemos que não será Guardiola o próximo técnico, tampouco Ronaldinho vai vestir a camisa coxa-branca – a não ser em fotomontagens.

Uma análise diferente
É bem provável que a maioria de vocês esteja lendo essa coluna na internet. Cada vez mais vamos nos encontrar por aqui e menos no diário impresso. Não que a coluna vá parar; acontece que todos somos hoje um perfil do Facebook ou do Twitter. Temos duas vidas, a virtual e a material. Por isso, dá pra afirmar depois de um longo tempo: o Paranaense 2016 foi um sucesso. Com a iniciativa inédita de se unir ao Facebook para divulgar o campeonato, a FPF alcançou quase 15 milhões de pessoas, com quase 150 mil pessoas de todo o Estado comentando a competição diariamente. A boa iniciativa deve seguir para 2017, seja quem estiver no planejamento. Claro, ainda há uma distância para que esse reflexo seja sentido nas arquibancadas, e isso tem várias razões. Mas existiu uma resposta popular e não se pode desprezar esse público que demanda por conforto e inovações para voltar aos estádios.

Novas soluções
Cito a iniciativa acima para sugerir a leitura de um artigo de Oliver Seitz, ex-Coritiba, sobre a Primeira Liga. Seitz desmistifica um pouco o sucesso da competição – da qual sou grande entusiasta – e mostra que os estaduais não estão tão combalidos assim. Busque por A Ilusão da Primeira Liga no Google e veja algumas comparações, como o fato de que 23 jogos dos Estaduais das 5 regiões tiveram públicos superiores à decisão da Liga entre Atlético e Flu. Na verdade, torcedor gosta é de jogo bom, conforto, segurança e preço acessível, seja nos Estaduais ou na Liga. Discordo de Seitz em um ponto: em campo, é um preparo melhor para o Brasileiro quando os grandes se enfrentam. E os pequenos? Também precisam de melhores competições. Sandro Rasbold, ex-gestor de clubes em Minas e Rio Grande do Sul e radicado em Curitiba, tem uma ótima ideia para um Sul-Brasileiro entre os menores – oportunamente falarei mais sobre a ideia, aqui ou no blog napoalmeida.com, no site do Bem Paraná. Falta apenas a abertura de portas. São destas pessoas e destes debates que o futebol brasileiro precisa hoje. Novas soluções, melhor arrecadação, um produto melhor acabado. E o torcedor nos estádios, dando brilho a tudo isso.

Napoleão de Almeida é narrador esportivo e jornalista especializado em gestão