Em tempos de politicamente correto, pensar fora da casinha (ou da caixa) — e ainda mais expressar esses pensamentos — pode ser um perigo, considerado até uma afronta. Mas afinal, até que ponto vai a liberdade de expressão? A censura às opiniões faz sentido, ainda mais dentro de uma democracia? São respostas como estas que o juiz de direito do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, Max Paskin Neto, busca trazer em seu livro O Direito de Ser Rude: liberdade de expressão e imprensa.

Sem medo de dar a cara a tapa, Max discute e se posiciona diante de episódios polêmicos, amplamente repercutidos pela imprensa, como o caso Rafinha Bastos x Wanessa Camargo, Jair Bolsonaro x Maria do Rosário, e chega, inclusive, a se opor a uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que condenou o neonazista Ellwanger por ter editado e publicado, no Rio Grande do Sul, obras de Hitler. É que a liberdade de expressão, segundo o juiz e escritor, deve admitir também e até mesmo os discursos de ódio.

Mesmo sendo as opiniões trazidas no livro polêmicas, há de se ressaltar o fundo nobre na intenção de Max. Como ele próprio aponta em seu livro, é tudo com a intenção de concretizar a ideia da almejada guarda democrática à liberdade que pretendemos seja a ideal.

Em outro trecho, questiona: Será que a busca por tanta igualdade de forma absoluta não está caminhando para uma sociedade de padrão único, onde em breve morrrerão as diversidades, sendo aceitos somente determinados tipos de comportamento e de pessoas?

Mas é preciso ética. O direito de ser rude não é liberdade para as pessoas saírem se agredindo, mas um direito de proteger sua individualidade. Quero pensar fora da caixa, e tenho que poder manter esse direito de pensar fora da caixa. Mas eu sempre digo: o direito de ser rude deve ser lido: ‘direito de ser rude com ética, e quando necessário’, diz.