FERNANDA PERRIN SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A entrada de start-ups no mercado financeiro pode reduzir a margem de ganho dos bancos, mas não vai diminuir a fatia de mercado das instituições tradicionais, disse nesta terça (21) Roberto Setubal, presidente-executivo da holding Itaú Unibanco. Ele reconheceu que as chamadas “fintechs” são concorrentes dos bancos e que têm feito “bastante sucesso” com “produtos de alta qualidade”. “É um desafio para os bancos competir com elas”.

Ao mesmo tempo, tecnologias como computação em nuvem e internet banking têm reduzido os custos das instituições e aumentado sua competitividade. “Novas formas de fazer os serviços que os bancos prestam serão mais eficientes e isso levará a uma pressão sobre os preços, mas os bancos terão capacidade de reduzir custos operacionais com o aumento do atendimento digital”, afirmou Setubal em palestra no Ciab, congresso sobre tecnologia da informação organizado pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos).

Embora o avanço do internet banking não deva acabar com as agências físicas, ele vai permitir a diminuição no número de unidades, na visão do presidente do Itaú. Essa tendência já teria se instalado no Brasil e deve se intensificar nos próximos anos, disse. Os bancos ainda teriam vantagem sobre as start-ups na área de “big data” (massa de dados) por disporem de muitas informações sobre uma clientela substancialmente maior. “Temos capacidade de monitorar e fazer vendas.

As oportunidades [nesse campo] são espetaculares”, disse. Ele criticou quando “fintechs” não estão sujeitas à mesma regulamentação que as instituições financeiras. No Brasil, a regra é a mesma para todos que atuam no mercado de pagamentos, mas o mesmo não acontece em outras economias, como a chinesa, segundo Setubal. O presidente do Itaú também elogiou a tecnologia blockchain, utilizada em transações de moedas virtuais, à qual chamou de “revolucionária”.

 

SEGURANÇA

O problema das fraudes na internet é um dos revezes do avanço da tecnologia no setor financeiro. Setubal apontou a leitura biométrica, já disponível em alguns celulares, como um dos caminhos para combater o problema. Já a geração de um número de cartão crédito exclusivo para uma única transação pela internet -produto disponível no Itaú- “ainda não é o ideal”, afirmou. “Acho que você pode ter soluções mais simples.”