GUILHERME GENESTRETI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Capaz de ofuscar até a mais ufanista das frases de efeito de Donald Trump, o discurso do presidente americano (da ficção) Thomas Whitmore em “Independence Day” (1996), conclamando a humanidade a celebrar o 4 de Julho como o dia da libertação mundial contra a invasão alienígena, entrou de fato para a história.
“Momento mais cafona da história do cinema”, segundo votação da revista “Empire”, uma das muitas publicações a desancar a cena patriótica.
“Não compreenderam esse trecho.” Quem defende é o próprio dono da voz empolada que proferiu o discurso, o ator Bill Pullman, que repete o papel do (agora) ex-presidente Whitmore em “Independence Day: O Ressurgimento”, ambientado em 2016.
Para Pullman, “é o oposto do patriotismo”. “O fato de ser 4 de Julho é mero acaso. O discurso fala em união contra um adversário”, diz à reportagem o ator, que esteve em São Paulo para participar de uma exibição em sequência dos dois longas no Allianz Parque.
Pullman mesmo se diz opositor à retórica de Trump. “Como ele pode ter tanto apoio?”
Em “O Ressurgimento”, as palavras motivadoras de Whitmore aparecem aqui e ali, mas ele não comanda mais o contra-ataque aos aliens. Está recluso -até meio paranoico.
Discurso nacionalista não cola mais: em 1996, imperava o otimismo da Era Clinton e parecia crível que os americanos salvassem a Terra sozinhos. Vinte anos depois – e um 11 de Setembro, uma guerra ao terror e uma crise econômica no meio-, a contra-ofensiva agora virou internacional.
Há até uma heroína chinesa, para fazer afago ao país que é hoje o segundo maior mercado cinematográfico.
Quando perguntado sobre quem entre Hillary e Trump comandaria melhor uma guerra contra aliens, Pullman ri. “Teriam que se unir. Mas é mais fácil que o inferno congele do que eles se juntem.”