SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O centro financeiro de Londres vai perder seu “passaporte da União Europeia (UE)” se o Reino Unido não conseguir garantir acesso ao mercado do bloco em suas negociações sobre a saída, disse no sábado o membro do Conselho no Banco Central Europeu (BCE) Francois Villeroy de Galhau. Bancos baseados em Londres, o maior centro financeiro da Europa, contam com o chamado passaporte da UE para operar livremente no mercado de capitais do bloco apesar de terem a maior parte de seu pessoal e operações baseados fora da zona do euro. O setor financeiro britânico emprega 2,2 milhões de pessoas. Com o “Brexit”, parte das empresas sediadas em Londres poderá se mudar para outras cidades da Europa, como Paris e Frankfurt, ou outros centros financeiros globais, como Nova York. “Se amanhã o Reino Unido não for parte do mercado único, Londres não poderá manter seu passaporte europeu e casas de compensação [de negócios] não poderão estar localizadas em Londres também”, disse Villeroy, que também é presidente do banco central francês, à rádio France Inter. As conversas sobre a saída britânica da UE terão de ser rápidas para limitar as incertezas, disse Villeroy. “Há um precedente, é o modelo norueguês de Área Econômica Europeia, que permitiria ao Reino Unido manter acesso ao mercado único, mas se comprometendo a implementar as regras da UE”, disse. “Seria um pouco paradoxal deixar a UE e aplicar todas as regras da UE, mas é uma solução se o Reino Unido quiser manter acesso ao mercado único.” Se isso não funcionar, poderia ser uma oportunidade para centros financeiros da zona do euro, incluindo Paris, disse Villeroy. Alguns bancos disseram que transfeririam as operações para a zona do euro se o Reino Unido deixasse a UE.