SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Na procura pelo leitor “millennial”, aquele nascido a partir dos anos 1980, e agora até “pós millennial”, busca que se dá sobretudo via redes sociais, os veículos devem apresentar aos novos usuários o jornalismo no que ele tem de essencial, como a profundidade e o rigor técnico.
Esse foi um dos pontos em que concordaram os participantes do debate “Como conquistar o leitor da geração Milênio?”, neste sábado (25), último dia do 11º Congresso da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), em São Paulo, mediado por Alana Rizzo, da revista “Época”.
“Na hora em que atinge o leitor jovem, você tem que mostrar que é a Folha”, afirmou Vinicius Mota, secretário de Redação do jornal, citando valores como ouvir o outro lado e destacar correções. “A voragem geracional pode eliminar a própria cultura jornalística”, alertou.
Manuela Barem, editora-chefe do site “BuzzFeed Brasil”, que lançou uma editoria de notícias (News) há dois meses, afirmou que jornalismo exige “ter bons profissionais, experientes”, e que o projeto é de uma cobertura cada vez “mais aprofundada, repórteres especializados”.
Sérgio Gwercman, diretor da unidade na Editora Abril que abrange títulos como “Superinteressante”, destacou a mudança realizada no perfil da revista, hoje de cobertura mais “verticalizada”, aprofundando temas e até publicando livros.
Outro ponto de concordância entre os três foi quanto à necessidade de não adotar diagnósticos e saídas estanques. Gwercman chamou a atenção, por exemplo, para a mudança no comportamento de consumo de integrantes da geração Milênio, quando têm filhos.
“Os ‘millennials’ já estão sendo dissolvidos”, afirmou Mota, citando que uma nova geração está chegando, menos ligada ao Facebook e mais a outras redes, e sobretudo “o fato estatístico do envelhecimento acelerado” da população brasileira. “Não devemos achar que o quadro se congelará.”
Barem sublinhou que o “BuzzFeed” é “voltado para as redes sociais, não à própria home page. “O que aprendemos é que tudo muda muito rápido, o que funciona num mês não funciona no outro, o formato se esgota, o Facebook pode alterar o algoritmo…”