SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Escócia fará o que for preciso para permanecer na União Europeia, incluindo tentar bloquear a aprovação da saída britânica do bloco no Parlamento local, disse a primeira-ministra do país, Nicola Sturgeon, neste domingo. O país, que abriga cinco milhões de habitantes, teve 62% dos votos pela permanência no plebiscito realizado na quinta (23) para decidir se o Reino Unido sairia ou não da UE, o chamado Brexit.

Na soma geral dos votos, a saída foi aprovada por 51% dos eleitores. Perguntada se ela considera pedir ao Parlamento escocês que bloqueie uma moção de consenso legislativo sobre o tema, Sturgeon disse “é claro”. A efetivação do Brexit precisa ser aprovado pelo Parlamento britânico e obter consenso nos legislativos locais da Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte. “Se o Parlamento escocês avaliar o tema com base no que é certo para a Escócia, então a opção de dizer que nós não votaremos por uma coisa que está contra o interesse da Escócia estará na mesa com certeza”, disse a premiê, em entrevista à BBC. Defensor da independência escocesa e legenda de Sturgeon, o Partido Nacional da Escócia possui 56 dos 59 assentos reservados ao país no Parlamento britânico.

Perguntada se ela poderia imaginar a fúria dos eleitores britânicos que escolheram sair da UE se o Parlamento escocês bloquear o Brexit, Sturgeon disse que sim, “mas talvez será similar à fúria de muitos escoceses agora ao vermos a possibilidade de sermos retirados da UE contra nossa vontade”. A líder disse que procurará um caminho para negociar diretamente com a UE o melhor caminho para que a Escócia possa permanecer no bloco. Sturgeon reafirmou ainda que o Brexit legitima o país à voltar a debater a questão de sua independência do Reino Unido.

“O contexto e as circunstâncias mudaram dramaticamente. O Reino Unido no qual a Escócia votou para permanecer em 2014 não existe mais”, disse. Uma pesquisa divulgada neste domingo mostrou que 59% dos escoceses apoiam a saída do Reino Unido. O estudo foi feito pelo instituto ScotPulse. O plebiscito sobre a separação, em 2014, teve 55% dos votos pela permanência. A independência da Escócia colocaria fim a uma união de 300 anos entre as duas nações e levaria à criação de controles de fronteira no território que hoje é o Reino Unido. “Eu certamente não quero ver, em nenhuma circunstância, uma fronteira entre Escócia e Inglaterra”, disse Sturgeon. “O quer que aconteça, a Inglaterra é nosso vizinho mais próximo e espero que será sempre nosso melhor amigo, mas essas são circunstâncias nas quais a Escócia não escolheu estar”.