PAULO SALDAÑA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A notícia de que o adolescente Waldik Gabriel Chagas, 12, havia sido baleado chegou até sua família pelos vizinhos, na noite deste sábado (25). Por volta das 22h deste domingo (26), a família ainda não tinha conseguido liberar o corpo no IML (Instituto Médico Legal).
Ajudante de cozinha Orlanda Correia Silva, 47, foi avisada da morte do filho no trabalho. “Não acordei ainda, não estou acreditando. Vou sentir que ele morreu depois, que ele não vai estar mais na caminha dele. Saio 5 da manhã de casa e não sei o que acontece depois”, disse a mãe, emocionada, na porta do IML no Artur Alvim, zona leste.
A mãe conta que o filho nunca foi detido pela polícia, mas de um ano para cá começou a “dar problema” e tinha se envolvido em pequenos assaltos. “O pessoal falava que ele estava andando com um pessoal errado, mas meu filho não era marginal. Quero justiça, mataram meu filho”.
O menino nasceu em Brumado, na Bahia, cidade natal da mãe, que mora há 27 anos em São Paulo. Quando estava grávida, ela voltou para a Bahia e, quando Waldik tinha 8 meses, ela retornou para São Paulo.
Waldik era um dos nove filhos de Orlanda. Todos moram na Cohab Barro Branco II, em Cidade Tiradentes, próximo do local onde Waldik foi baleado. Segundo a mãe, ele não era bom aluno. Mas estava matriculado no quinto ano. “Era rebelde, mas muito carinhoso”.
A mãe e a irmã de Waldik, Aline Lima, 27, não sabem dizer com quem ele estava no Chevette quando o menino foi baleado. “Os vizinhos disseram pra gente que a GCM (Guarda Civil Metropolitana) deu quatro tiros, não tinha razão pra fazer isso”, disse Aline.
“Era uma criança de 12 anos. Por que não atiraram para o alto, no pneu?”, questiona o pai, Waldik Chagas, 37, que é motorista. Não há marcas de tiro no carro além daquele que perfurou o vidro e atingiu Waldik. Depois de ser baleado, o menino foi levado ao Hospital Tiradentes. Mas já chegou morto, com um tiro na nuca.
No hospital, a irmã Aline foi abordada pelos guardas municipais. “Só queriam saber onde estavam os outros (do carro). Estavam mais preocupados com eles mesmos, nem perguntaram do meu irmão “, disse ela.
A mãe foi levada na madrugada deste domingo para o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa). “Ficaram me perguntando se ele era criminoso, com quem andava. Ele nem aguentaria segurar uma arma”, disse a mãe, ao mostrar a foto do filho no celular.
O corpo de Waldik chegou ao IML por volta das 12h deste domingo. Até as 22h30 não tinha previsão de quando seria liberado. A família disse que o corpo seria velado e enterrado no cemitério Vila Formosa, também na zona leste.