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LUCIANA COELHO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Foram necessárias seis temporadas, mas “Game of Thrones” completou o ciclo e abriu portas narrativas, finalmente. Ao fim do episódio deste domingo (26), os ponteiros foram recalibrados para voltar a Lannisters vs. Starks, com Targaryens como ameaça/salvação iminente.
São poucas as séries que conseguem percorrer seis anos com vigor narrativo e oferecer surpresa e coerência ao mesmo tempo -“Breaking Bad” terminou com menos episódios, “Mad Men” escorregou para se recuperar no final. Quando o fazem, não é com a profusão de personagens de “Game of Thrones”, em que pese a montanha de corpos pelo caminho.
Dos que se somaram neste último episódio, o pueril Tommen (Dean-Charles Chapman), a ardilosa Margaery (Natalie Dormer) e a turma da inquisição farão falta do ponto de vista dramático, a fantasmagórica deglutição do Estado pela Igreja em King’s Landing, afinal, serviu para nos lembrar por que a Idade Média era também a Idade das Trevas.
O “twist”, o elemento de surpresa acrescentado ao antagonismo original, é que, revelada a origem de Jon Snow (Kit Harington), sabemos agora que ele é ao mesmo tempo Stark e Targaryen, filho de Lianna e Rhaegar (e meio-irmão de Daenerys).
Novelesco, porém engenhoso. Aparentemente, não se trata mais de um bastardo, o que reforça sua reivindicação pelo trono em que Cersei (Lena Headey) acaba de se sentar, e desta vez não como tutora.
Cersei, uma das melhores personagens, assume também o posto de grande vilã da série, que nesta temporada assumiu contornos feministas muito além daqueles sugeridos pelo livro (um aplauso aqui à pequena lady Mormont, a melhor figurante com falas de todos os tempos).
Dragões e zumbis à parte, “Game of Thrones” sempre tratou de política, e indica com a medida drástica de Cersei e a esquadra de Daenerys (Emilia Clarke) rumo a Westeros (chega de Meereen!) que se debruçará na temporada com estreia em abril de 2017 sobre estratégia militar, com uma e outra pergunta a responder.
Uma a uma, as distrações de roteiro foram saindo de campo, o que sugere que o confronto final está próximo. É bom George R.R. Martin, o autor da serie literária que inspira a produção televisiva, se mexer.
AVALIAÇÃO – ótimo